quinta-feira, 28 de junho de 2007

Introibo ad altare Dei!

Et introibo ad altare Dei: ad Deum qui laetificat juventutem meam

Ontem o Cardeal Tarcísio Bertone se reuniu na Sala Bologna do Palácio Apostólico com mais ou menos 30 bispos do mundo inteiro (especula-se que eram presidentes das respectivas conferências episcopais) para apresentar o Motu Próprio que dará liberdade de celebração para a Missa de São Pio V (também chamada Missa Tridentina). Em um determinado momento o próprio Papa Bento XVI esteve presente e conversou em torno de uma hora com os bispos sobre esse documento.

O Motu Próprio vira acompanhado de uma carta do Papa explicando os motivos dessa liberação do Rito de São Pio V (atualmente o sacerdote precisa de uma autorização do bispo se quiser celebrar).

Gostei bastante dessa atitude do Papa de apresentar pessoalmente o documento a um grupo de bispos antes de divulgar à imprensa ou qualquer outro veículo mediático, demonstra sua preocupação em manter a unidade, não tomando uma decisão abrupta e independente do episcopado (Cardeal Arinze comentou outro dia que o Papa consultou várias vezes bispos e cardeais sobre o texto desse documento).

Agora o documento será enviado aos demais bispos do mundo inteiro com a data em que entrará em vigor. A data não é certa, mas alguns afirmam que será dia 07 de Julho.

Um comunicado em italiano sobre o acontecido pode ser lido no site do Vaticano: link.

terça-feira, 26 de junho de 2007

O Latim - parte II

Continuando a falar sobre o uso do Latim.

No post anterior comentei sobre um bom motivo para aprendermos algumas orações em Latim: é a língua de nossa Mãe! Também listei uma série de citações do Magistério favorável ao uso da língua latina na Missa. Em sua Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, o Papa Bento XVI incentiva que também sejam aprendidas e eventualmente "recitadas em latim as orações mais conhecidas da tradição da Igreja" (nº 62).

Nessa segunda parte cito algumas vantagens ao se usar o Latim. Tais vantagens foram retiradas de um folheto escrito por pe. José Edilson, da Adm. Apostólica São João M. Vianney, e distribuído há alguns anos na Capela Santa Luzia (onde, aliás, diariamente se celebra a Missa segundo o Rito de São Pio V por padres da citada Adm. Apostólica e devidamente autorizadas pelo então Arcebispo de São Paulo Dom Claudio Hummes).

As partes em vermelho são as originais do texto do pe. José Edilson.

É uma língua estável: pelo fato de ser uma língua morta, não está sujeita às evoluções próprias das línguas faladas pelo povo. É excelentíssima, por isso, para mostrar a sublimidade do Santo Sacrifício e, principalmente, para conservar a Fé, que acha na Liturgia sua expressão externa.

Aqui podemos utilizar como exemplo a resposta do povo à saudação final do sacerdote na Missa: 'Graças a Deus!'

No Latim é 'Deo Gratias'. Em português não se distingui se alguém está dando graças à Deus pela Missa que acabou de assistir ou se está desabafando aliviado por finalmente ter terminado a Missa...

'Graças a Deus' assume essas duas possibilidades na língua portuguesa. E aqui, neste caso, não é um problema da tradução, mas culturalmente a citada expressão acabou assumindo esses dois significados.

Talvez para evitar esse tipo de ambiguidade outras duas grandes religiões continuam utilizando uma língua separada e considerada sagrada para o culto: o Judaísmo utiliza o hebraico e o Islamismo o árabe. O fato dessas religiões utilizarem uma língua própria para o culto e que muitas vezes é desconhecida de seus membros, não ganha destaque e nem gera polêmica; mas é só o Papa falar em Missa em Latim que vira manchete de jornal e inúmeros colunistas ficam revoltados com o "atraso" da Igreja...


É uma língua fixa: aperfeiçoada com termos próprios formados pela legislação romana, possui grande clareza. No decorrer da História, somente os hereges se opuseram ao uso do latim no culto: no séc. XIII os cátaros e valdenses; mais tarde os hussitas e os protestantes; seguiram-nos os jansenitas e os católicos racionalistas. A razão disto é que pela mudança no modo de orar, eles infiltram as heresias pois a lei da oração é a lei da fé (lex orandi, lex credenci). O latim é, pois, uma barreira contra as heresias.

De fato, o latim tem uma força semântica muito grande, só equiparada pelo grego.

Por isso afirmou Pio XII: “O uso da Língua Latina é um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Papa Pio XII, Encíclica Mediator Dei, nº 53)

Lex orandi, lex credenci: a maneira como rezamos expressa a fé que temos. É impressionante notar, assim, que a maneira como muitos sacerdotes celebram e zelam pela Missa expressa exatamente a fé que têm...

Sobre isso vejam Sacramentum Caritatis nº 34 à 42; sem esquecer a Ecclesia de Eucharistia nº 52: "O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade, que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso mas expressivo o seu amor à Igreja".


Língua misteriosa e santa: o latim, mediante seu caráter decoroso, suscita um sentido profundo no mistério eucarístico.

Eis algo que a liturgia em vernáculo e versus populum perdeu completamente: o sentido de mistério.

E o desejo de fazer a liturgia compreensível para o povo mais simples levou muitos sacerdotes e equipes de liturgia a rebaixá-la demais... quando o oposto deveria ter sido priorizado! O povo deve ser instruído, catequizado, 'elevado' para melhor conhecer os Santos Mistérios! E não o contrário, rebaixando e empobrecendo a Missa até poder ser compreendido pelo povo.

"Num mundo secularizado, em vez de procurar elevar os corações para a grandeza do Senhor, procurou-se muito mais, eu acredito, rebaixar os mistérios divinos a um nível banal" (Dom Malcolm Ranjith - entrevista citada no próximo item; não deixem de ler!).


Língua unitiva: na diversidade de povos, o Latim é grande sinal de unidade na Igreja. Todos podem rezar em uma só voz com a Cátedra de Pedro. Embora haja no Oriente línguas de culto, o Latim é a maior expressão da unidade no tempo e no espaço. O abandono do Latim após o Concílio Vaticano II abriu as portas para inúmeras divisões na Igreja no campo litúrgico com todas as suas consequências. Pode-se dizer, sem exagero, que o uso do vernáculo facilitou a transformação da Liturgia, em muitos lugares, numa colcha de retalhos ao sabor da livre inspiração de cada um.

Importante frisar que esse completo abandono do Latim se deu não por culpa direta do Concílio Vaticano II (e nem poderia ser diferente), mas por uma péssima e maldosa interpretação do mesmo, já que o Concílio mesmo não mandou abolir o Latim da liturgia!

Ele trata da Língua latina em dois pontos:

  1. “Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos, salvo o direito particular.” (Constituição Sacrosanctum Concilium, nº 36, § 1)

  2. “Providencie-se que os fiéis possam juntamente rezar ou cantar em Língua Latina as partes do Ordinário que lhes competem.” (Constituição Sacrosanctum Concilium, nº 54)

Ou seja, no primeiro ponto o Concílio diz que o uso do vernáculo é um "direito particular", ou seja, deve ser usado como medida pastoral especial a ser decidida pelo bispo diocesano. O uso do vernáculo é a excessão que virou a regra! Infelizmente...

O segundo ponto demonstra que realmente não era intenção do Concílio abolir o Latim, pois pede que os fiéis sejam instruídos para saber rezar e cantar as partes que lhe competem nessa língua!

Por isso afirma o Código de Direito Canônico “Faça-se a celebração eucarística em língua latina ou outra língua, contanto que os textos litúrgicos tenham sido legitimamente aprovados.” (Cân. 928)

Sobre esses temas, tenhamos em mente que Nosso Senhor prometeu Sua assistência à Igreja e Ele não deixa de suscitar verdadeiros profetas que amam a Verdade e não temem anunciá-la! (vide, por exemplo, a entrevista de Dom Malcolm Ranjith ou o prefácio escrito pelo então Cardeal Ratzinger para o livro de pe. Uwe Michael Lang, além de um recente artigo do pe. Nicola Brux; exemplos não faltam!).


Mas voltemos aos argumentos de pe. José Edilson para o uso do Latim...


Mantém a pureza da liturgia: o Latim impede que elementos estranhos ao culto possam ser usados na Liturgia. Quando vemos hoje Missas celebradas com danças sensuais, pagãs, ao ritmo de Rock, usando termos chulos, aos som de atabaques e coisas semelhantes, onde o culto a Deus é substituido pelo culto do homem, é porque para muitos já se perdeu o sentido do sagrado, do objeto da Liturgia, que se torna propriedade particular do celebrante ou da comunidade, e não patrimônio da Igreja.

Sobre essa perda do sentido do sagrado, muito se deve às invenções de "animadores" da liturgia que a cada domingo tentam inventar maneiras novas para o povo participar mais "ativamente" da celebração. Nada mais ilusório essa arrogante pretensão de ensinar a Igreja como deve celebrar! O máximo que conseguem é fazer com que o povo perca o sentido de mistério sagrado que envolve a liturgia...

"Desenvolveu-se, de fato, a impressão de que a liturgia seja 'feita', que não seja algo cuja existência nos precede, algo que nos é 'dado', mas algo que depende das nossas decisões. Disto se segue, como consequência, que não se reconheça essa capacidade de decisão só aos especialistas ou a uma autoridade central, mas que, definitivamente, qualquer 'comunidade' queira se dar uma liturgia própria. Mas, quando a liturgia é algo que qualquer um faz por si mesmo, então desaparece aquela que é a sua verdadeira qualidade: o encontro com o mistério, que não é um produto nosso, mas a nossa origem e a fonte da nossa vida". (Cardeal Joseph Ratzinger, citado por Andrea Tornielli em "Bento XVI - O Guardião da Fé", pag. 208).


É a língua tradicional mais usada na Igreja: o Latim nos mantém em contato com todo o passado da Igreja, com a beleza do canto Gregoriano, com sua arte, cultura e nos leva à visão da Igreja como um todo historicamente ininterrupto.


São esses seis os pontos vantajosos listados por pe. Edilson para que se utilize o Latim.


Pretendo voltar ainda à esse tema.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ainda sobre o CONAR

Wagner Moura comenta em seu blog sobre a denúncia feita ao CONAR do comercial da Marilan Alimentos S/A.

Além do caso Marilan, ele apresenta outros também ofensivos à Fé Católica e que sofreram sanções por parte deste órgão.

Vale a pena conferir!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Latim - parte I

O verdadeiro horror que uma parcela considerável dos sacerdotes têm ao uso do Latim sempre me causou surpresa. Se é a língua oficial da Igreja, porque fugir tanto dela?

Falar em Missa em Latim, então, tornou-se praticamente uma blasfêmia!

Essa minha surpresa aumentava na proporção em que eu tomava conhecimento do grande apreço que o Magistério da Igreja teve e tem pelo Latim (vide citações abaixo). E aí a surpresa já começava a dar lugar a uma certa decepção...

Recentemente eu li uma biografia do papa Bento XVI escrita por Andrea Tornielli. Em um capítulo em que o autor analisa o pensamento do Cardeal Ratzinger sobre liturgia, ele cita um trecho em que o cardeal fala sobre o uso do Latim: "A linguagem da Mãe (a Igreja) se torna nossa; aprendemos a falar nela e com ela, de modo que as suas palavras se tornam, pouco a pouco, sobre os nossos lábios, as nossas palavras".

Uma perspectiva nova para a questão do uso do Latim se abriu diante dos meus olhos!

Devo amar e até aprender algumas orações em Latim por um motivo simples: é a língua de minha Mãe! Agrada-a muito que seus filhos saibam rezar em seu idioma, para que as palavras dela se tornem - como disse o Cardeal - "sobre os nossos lábios, as nossas palavras"!

Nesse momento penso, paralelamente, em tantos descendentes de estrangeiros que temos no Brasil. Será que têm pela língua nativa de seus pais ou avós o mesmo desprezo que muitos católicos têm pelo Latim? Como se sentiriam as mães italianas, japonesas, alemãs, que ouvissem de seus filhos palavras de desprezo pelo italiano, japonês, alemão? Nesse sentido, como será que a Igreja, nossa Mãe, se sente ao ver, por exemplo, um filho querido - um conhecidíssimo sacerdote - dizer em uma entrevista que é ignorante do idioma a ponto de que "se me mandarem falar latim, vou fazer: 'Au, au, au!'” ????

Assim, se é excelente que saibamos algumas orações em Latim para rezar com a Igreja, quanto mais não será melhor que a Santa Missa seja também em Latim! Toda a Família Católica reunida rezando e oferecendo à Deus o Sacrifício Perfeito em um mesmo e santo idioma.

Não tenho aqui a intenção de criticar absolutamente o uso do vernáculo, que é legítimo e tem seu valor, mas me entristece esse ódio que se criou ao uso do Latim.

Que bom seria se tivessemos naturalmente em nossas paróquias Missas sendo celebradas em Latim. Digo 'naturalmente' no sentido que isso ocorrese com naturalidade. Porque atualmente ocorre o oposto! Parece uma coisa do outro mundo querer o Latim e até gera uma tremenda polêmica a simples menção de se preferir a Missa em Latim ou, por parte de sacerdotes, de se querer celebrar assim a Missa.

O que está, definitivamente, em oposição ao querer da Igreja! Inclusive o Concílio Vaticano II jamais aboliu o uso do Latim na Missa.


Segue uma coletânea de textos do Magistério tratando do Latim.


“Se alguém disser que o rito da Igreja Romana (...) só se deve celebrar a Missa em língua corrente [vernácula](...), seja excomungado”
(Concílio de Trento, Cânones sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa, cânon 9).

“A Língua Latina é a língua própria da Igreja Romana” (Papa São Pio X, Encíclica Inter Pastoralis Officii).

“O uso da Língua Latina é um claro e nobre indício de unidade e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Papa Pio XII, Encíclica Mediator Dei, nº 53)

“Que o antigo uso da Língua Latina seja mantido, e onde houver caído quase em abandono, seja absolutamente restabelecido. – Ninguém por afã de novidade escreva contra o uso da Língua Latina nos sagrados ritos da Liturgia.” (Papa João XXIII, Encíclica Veterum Sapientia).

“Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos, salvo o direito particular.” (Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, nº 36, § 1)

“Providencie-se que os fiéis possam juntamente rezar ou cantar em Língua Latina as partes do Ordinário que lhes competem.” (Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, nº 54)

Faça-se a celebração eucarística em língua latina ou outra língua, contanto que os textos litúrgicos tenham sido legitimamente aprovados.” (Código de Direito Canônico, Cân. 928)

Missa se celebre quer em língua latina ou quer noutra língua, contanto que se usem textos litúrgicos que têm sido aprovados, de acordo com as normas do direito. Excetuadas as Celebrações da Missa que, de acordo com as horas e os momentos, a autoridade eclesiástica estabelece que se façam na língua do povo, sempre e em qualquer lugar é lícito aos sacerdotes celebrar o santo Sacrifício em latim.” (Instrução Redemptionis Sacramentum, nº 112)


“O que acabo de afirmar não deve, porém, ofuscar o valor destas grandes liturgias; penso neste momento, em particular, às celebrações que têm lugar durante encontros internacionais, cada vez mais frequentes hoje, e que devem justamente ser valorizadas. A fim de exprimir melhor a unidade e a universalidade da Igreja, quero recomendar o que foi sugerido pelo Sínodo dos Bispos, em sintonia com as directrizes do Concílio Vaticano II: exceptuando as leituras, a homilia e a oração dos fiéis, é bom que tais celebrações sejam em língua latina; sejam igualmente recitadas em latim as orações mais conhecidas da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano. A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se transcure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia”
(Papa Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, nº 62).

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Ainda vale a pena lutar!

É como diz aquele ditado: "O mal prospera quando os bons se calam". Se os bons não se calassem, certas coisas poderiam deixar de acontecer...

A empresa Marilan Alimentos S/A está veiculando um comercial de sua nova linha de torradas Magic Toast. O referido comercial se mostrou ofensivo e desrespeitoso com a Fé Católica ao parodiar o Sacramento da Confissão (
veja o comercial).

Um grupo de católicos se organizou e enviou, individualmente, reclamações ao CONAR (Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária) e à própria Marilan.

Uma Representação foi aberta por esse órgão regulamentador e o caso foi recentemente julgado.

O próprio CONAR se encarrega de avisar os reclamantes sobre o andamento do processo, sendo que a seguinte mensagem foi recebida por quem reclamou (o destaque em vermelho é meu):


Prezado(a) Sr (a). Luiz Henrique,

Informamos que a queixa enviada pelo(a) Sr. (a) do anúncio “MARILAN MAGIC TOAST É MUITO MAIS QUE UMA TORRADA“ – Rep.120/07 - foi levada a julgamento pelo Conselho de Ética do CONAR, tendo sido deliberado parcialmente por maioria, em 1ª instância, a alteração do anúncio.

O
andamento poderá ser acompanhado dentro em breve, pelo site do CONAR (
www.conar.org.br ) em Decisões e Casos (resumo das decisões) .

Atenciosamente,

Secretaria Executiva
CONAR - Conselho
Nacional de Auto-regulamentação Publicitária



Como essa decisão é em "1ª instância", creio que a Marilan possa recorrer. Não sei exatamente como são os trâmites do CONAR. Mas fica o registro de que ainda é possível defender a Fé Católica. Não adianta se esconder num canto e reclamar do mundo em que vivemos.


"Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras!"
(Lc 19,40)

sexta-feira, 15 de junho de 2007

A intolerância da Igreja

Com o excerto abaixo, retirado de uma obra do Pe. Penido, que trata do porque da Igreja ser intolerante com o erro e não se amoldar ao mundo, quero iniciar as postagens desse blog. Não tenho grandes pretensões, dada minhas limitações, mas pretendo registrar aqui notícias interessantes sobre a Igreja e a sociedade, além de comentários sobre doutrina, liturgia e apologética.

Inclua esse blog entre seus favoritos e visite sempre!

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Cristo expulsa os vendilhões do Templo - Jacob Jordaens - 1650

"Quem entender corretamente o axioma 'Fora da Igreja não há salvação', terá compreensão muito melhor de certas atitudes da Igreja, tantas vezes taxadas de intolerantes, fanáticas ou imperialistas.

A chamada intolerância da Igreja é apenas a consciência de que Cristo lhe confiou as chaves do Reino dos céus e que, portanto, os homens se salvam normalmente quando são membros integrais do Corpo Místico. Sem dúvida já o repetimos muitas vezes que não é apenas de forma teórica, mas também na prática é possível a salvação no seio do paganismo, da heresia, do cisma, para quem está de boa fé e vive segundo sua consciência e os ímpetos secretos da graça. Porém não resta dúvida de que será muito mais difícil e arriscado. É, pois, lógico que a Igreja queira proteger seus membros contra este risco; lógico que ela resguarde com intransigência, não já privilégios seus, senão verdades às quais é a primeira a submeter-se. Muitas vezes perguntam por que a Igreja não faz concessões, não se amolda à mentalidade de hoje, permitindo, por exemplo, o divórcio, ou abandonando a crença no inferno. Esquecem que não está nas mãos da Igreja. Ela não tem o direito de variar a seu arbítrio o dogma e a moral. Estes lhe foram confiados pelo Esposo como um simples 'depósito' a ser fielmente guardado (II Tm 1,14). Não pode desviá-lo. Encara, então, com destemor a impopularidade, não já para acautelar interesses humanos, mas para defender a causa de Cristo.

Atiram à Igreja a pecha de intolerante não apenas por não querer pactuar com seitas dissidentes ou governos anti-cristãos, mas ainda porque impõe a seus filhos uma série de interdições. Mas o motivo é sempre o mesmo. Os fiéis - tal qual o 'depósito' - não pertencem aos patores, mas a Cristo. 'Apascenta as minhas ovelhas', disse Jesus a Pedro (Jo 21, 15-17). É, pois, dever da Igreja fazer o impossível para concervar aos fiéis o caráter de membros integrais; tomar cuidado dessas conquistas que ela deu a Cristo, velar por elas, alimentar-lhes o fervor, resguardá-las para que nenhuma só venha a desgarrar-se e a perder-se". (O Mistério da Igreja - Pe. Dr. M. Teixeira-Leite Penido - Ed. Vozes - 1956 - pgs. 193/194)