sábado, 28 de fevereiro de 2009

Dom Malcolm Ranjith fala em "reforma da reforma" litúrgica

Em notícia divulgada pela Catholic World News (CWN) o arcebispo do Sri Lanka e secretário da Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, Dom Malcolm Ranjith, comentou sobre a necessidade de se "reformar a reforma" litúrgica, que em pouco ou nada seguiu as orientações do Concílio Vaticano II.

Não é de hoje que d. Ranjith coloca em público suas opiniões sobre liturgia. Quem quiser pode ler uma antiga, mas interessante, entrevista desse bispo para a revista 30 Dias.

A tradução da notícia da CWN para o português é da Associação Cultural Montfort. Os destaques sublinhados e em negrito são meus.

Uma autoridade chave do Vaticano pediu por decisões “ousadas e corajosas” para corrigir os abusos litúrgicos que surgiram desde as reformas do Vaticano II.

O Arcebispo Malcolm Ranjith, secretário da Congregação para o Culto Divino, diz que um entendimento falho dos ensinamentos do Vaticano II e a influência das ideologias seculares são as razões para se concluir que – como disse o então Cardeal Joseph Ratzinger em 1985 – “o verdadeiro tempo do Vaticano II ainda não chegou”. Particularmente no campo da liturgia, o Arcebispo Ranjith diz, “A reforma tem que continuar”.

O Arcebispo Ranjith, que foi pessoalmente chamado para o Vaticano pelo Papa Bento XVI para ajudá-lo como um aliado na busca pela restauração do senso de reverência na liturgia, fez este comentário no Prefácio de um novo livro baseado nos diários e anotações do Cardeal Fernando Antonelli, que foi uma figura chave no movimento de reforma litúrgica, tanto antes quanto depois do Vaticano II.

Sobre os escritos do Cardeal Antonelli, o Arcebispo Ranjith diz, que ajudam o leitor “a entender o complexo trabalho interno da reforma da liturgia antes da imediata aplicação do Concílio.” Essa autoridade do Vaticano conclui que a implementação das reformas sugeridas pelo Concílio muitas vezes passou longe das verdadeiras intenções dos padres do Concílio. Como resultado, o Arcebispo Ranjith conclui, a liturgia hoje não é uma verdadeira realização da visão proposta no documento litúrgico essencial do Vaticano II, a Sacrosanctum Concilium.

Especificamente o Arcebispo Malcolm Ranjith escreve: “Algumas práticas que o Sacrosanto Concílio nunca sequer tinha especulado foram permitidas dentro da liturgia, como a Missa voltada para o povo, a Sagrada Comunhão na mão, incluindo a desistência do Latim e do Canto Gregoriano a favor do vernáculo e de canções e hinos sem espaço para Deus, e a ampliação além de qualquer limite razoável da faculdade de concelebrar a Santa Missa. Houve também um erro grosseiro de interpretação do princípio da “participação ativa”.

O prelado do Sri Lanka argumenta que para executar a “reforma da reforma” é essencial reconhecer como a visão litúrgica do Vaticano II se tornou distorcida. Ele exalta o livro sobre o Cardeal Antonelli por permitir o leitor ganhar um melhor entendimento de “quais nomes ou atitudes causaram a presente situação”. Isto, diz o arcebispo, é um exame “que, em nome da verdade, não podemos abandonar”.

Enquanto reconhece “o humor turbulento dos anos que imediatamente seguiram o Concílio”, o Arcebispo Ranjith lembra os leitores que ao chamar todos os bispos do mundo para um concílio ecumênico, o Beato João XXIII pretendia “uma fortificação da fé”. O Concílio aos olhos do Papa João “certamente não foi um chamado para fazer as pazes com o espírito dos tempos”.

Entretanto, continua ele, o Concílio aconteceu num tempo de grande comoção intelectual mundial, e especialmente na sua conseqüência, muitos seriam os interpretes que viram o evento como uma ruptura com a tradição anterior da Igreja. Como o Arcebispo Ranjith colocou:

Conceitos básicos e temas como Sacrifício e Redenção, Missão, Anúncio e Conversão, a Adoração como um elemento integral da Comunhão, e a necessidade da Igreja para a salvação – todos foram postos de lado, enquanto Diálogo, Inculturação, Ecumenismo, Eucaristia como Ceia, Evangelização como Testemunha, etc., se tornaram mais importantes. Os valores absolutos foram desprezados. Mesmo no trabalho do Consilium, o Vaticano se atribui a função de implementar as mudanças litúrgicas, estas influencias foram claramente sentidas, o arcebispo nota: “Um senso exagerado do antiquado, antropologismo, a confusão de papéis entre pessoas ordenadas e não ordenadas, uma permissão sem limites de espaço para a experimentação – e de fato, a tendência para desprezar alguns aspectos do desenvolvimento da Liturgia no segundo milênio – foram incrivelmente visíveis entre certas escolas litúrgicas".


Hoje, o Arcebispo Malcolm Ranjith escreve, a Igreja pode olhar para trás e reconhecer as influências que distorceram a intenção original do Concílio. Este reconhecimento, ele diz, deveria “ajudar-nos a sermos corajosos para melhorar ou mudar aquilo que foi erroneamente introduzido e que parece incompatível com a verdadeira dignidade da Liturgia. Uma “reforma da reforma” por demais necessária, ele argumenta, deveria ser inspirada “não pelo mero desejo de corrigir os erros passados, mas muito mais pela necessidade de ser verdadeira para o que a Liturgia de fato significa para nós e o que o Concílio mesmo definiu para ser.”

O Prefácio de 10 páginas do Arcebispo Malcolm Ranjith aparece na edição na língua inglesa do livro intitulado “O Verdadeiro Desenvolvimento da Liturgia”escrito por Monsenhor Nicola Giampietro, que faz parte do quadro de pessoal da Congregação para o Culto Divino. Ele estará disponível em Setembro, nos Livros Católicos Romanos.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O discurso

Essa peguei no blog do Wagner Moura.

A garotinha que aparece no vídeo abaixo é a Lia, tem 12 anos e é canadense. A escola dela organizou uma competição de discursos, e ela resolveu participar...

E levou o primeiro lugar, não sem polêmicas, mas levou!

Agora vai como representante da escola na fase regional da competição, amanhã. A história de Lia é contada por seus pais, em inglês, nesse site "Bond for Life". Eles pedem orações por ela.

E sobre o que ela falou?

Vejam...





Tal exemplo me fez lembrar das palavras de São Josemaria Escrivá, que alguns dias atrás eu comentei aqui no blog.


UPDATE 19/02/09:

Mesmo tendo sido a melhor na opinião de alguns professores e de quem assistiu, infelizmente Lia perdeu a etapa que disputou ontem, parece que "o tema não ajudou". Mas seu discurso parece já ter dado frutos, há relatos de que pelo menos uma mulher desistiu de realizar um aborto após assistir o vídeo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Demônio reunindo suas forças

Parece que o Demônio resolveu movimentar algumas forças de seu exército...

Foi noticiado no site oficial do PT, que o Diretório Nacional do partido aprovou uma resolução contra a instação da CPI do Aborto.

Essa CPI visa investigar a venda ilegal de remédios abortivos e desbaratar, com força policial, a rede de clínicas de aborto clandestino.

O PT é contra tais investigações. Pode ainda alguém se iludir ou duvidar das intenções desse partido? Alguém ainda acha que se trata de um partido "católico"? Pode, por acaso, um católico que se preza votar nesse Partido das Trevas?

Não sendo ainda o suficiente levantar seu braço político, o Demônio ascena também com seu braço "religioso-midiático"...

Deem uma olhada no nível do comercial que está sendo veiculado pela TV Record, que, todos sabem, é de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus.





Falar o que sobre isso?

Que a mulher seja dona do próprio corpo ninguém nega. Inclusive as que defendem a tese do comercial poderiam cortar a própria cabeça oca que, provavelmente, o resto do corpo nem notaria a ausência...

O problema é que no caso do aborto a mulher não está agindo sobre o próprio corpo, mas sim sobre uma outra vida que Deus lhe concedeu a graça de GERAR (e não MATAR) dentro do próprio corpo. A mulher não tem "jurisdição" sobre o corpo - a vida - que traz em seu ventre.

Essa igreja do Edir Macedo que deveria, em tese, defender valores cristãos, faz uma propaganda descarada, vergonhosa, nojenta, demoníaca do aborto. Se essa seita e seu fundador não estão sob inspiração do Demônio para realizar tal coisa, sinceramente não sei mais quem está.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O uso do véu!




Embora não me seja estranho frequentar missas onde seja comum o uso do véu, confesso que me tocou a iniciativa desses jovens de incentivar e divulgar o uso dessa peça durante a Santa Missa.

Estou falando do blog Velatam ad Dei Gloriam.

E antes que alguém diga com desdém: "são apenas nostálgicos!" Não, não são! E se apressam em afirmar: "são jovens adoradores, que não vivem isso por mera "nostalgia”, pois não chegaram a conhecer o tempo em que isso era comum. Vivem porque sabem que fazem parte de uma Igreja que tem uma tradição de 2000 anos(...)" (o destaque é meu)

Registro aqui minha alegria em verificar que a Tradição da Igreja vive, e vive especialmente nos jovens. Não são pessoas que estão com saudades dos "velhos tempos" ou que não quiseram "mudar"... São jovens que desejam resgatar a sacralidade perdida nas últimas e turbulentas décadas, e estão de fato trabalhando para que isso aconteça.

São jovens que vivem, como afirma o blog, "sob a sombra do gigante Bento XVI". Ao ver jovens tão... tão... católicos!, muitos se assustam, reclamam até, muitas vezes as críticas partem dos que ajudaram muito a destruir o patrimônio católico.

Sintomática essa afirmação de que são jovens que vivem "sob a sombra do gigante Bento XVI". Este Papa tem feito uma verdadeira revolução na Santa Igreja. Para quem dizia que ele, tímido e idoso, faria apenas um pontificado de transição... Que nada! E pra quem também dizia que sua falta de carisma o impediria de chegar aos jovens como João Paulo II, erraram novamente. Ele, de fato, pode não ser tão carismático como era o pontífice anterior, mas a verdade atrai por sim mesma, e a força de suas palavras somadas às sua atitudes corajosas têm atraído especialmente os jovens.

A propósito, sou da opinião de que podemos estar diante do Papa que, conforme sonhou Dom Bosco, está reconduzindo a Nave da Igreja de volta às colunas de Nossa Senhora e da Sagrada Hóstia (não sabe do que estou falando? leia aqui).

Rezemos pelo Santo Padre, que vem combatendo valentemente pela Igreja, pela Fé.

Rezemos por esses jovens que entre outras coisas estão "restaurando o uso do véu. São meninos e meninas que amam, e são apaixonados por Jesus Eucarístico e pela Santa Igreja. São meninas que usam véu, e meninos que apóiam o uso e são para elas suporte para enfrentar os “olhares tortos” – olhares estes que são compensados por muitos olhares comovidos de gente de mais idade, que se surpreende e vê nelas a presença de uma sacralidade que ainda existe em nossas igrejas".

A propósito sobre o uso do véu, coloco abaixo um vídeo muito ilustrativo sobre o tema. O vídeo, desenvolvido pela Diocese de Manila (FIlipinas), demonstra que o uso do véu não pode se tornar um mero modismo. Ele deve ser um sinal externo de uma disposição interna da mulher. Usar o véu e trajar roupas inadequadas não tem sentido.





sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Apoio ao Santo Padre


Foi criado um manifesto de apoio ao Santo Padre, nesse momento que, após o levantamento da excomunhão dos quatro bispos da FSSPX, ele sofre tantos ataques dos modernistas. Esses sabem que a Fraternidade, devidamente inserida na Igreja, será um forte reforço na luta contra essa heresia que assola o orbe católico.

O texto do site explica o teor do manifesto: http://www.soutienabenoitxvi.org/index.php?lang=pt

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

“Dr. Willianson et caterva” - Carlos Ramalhete

O prof. Carlos Ramalhete analisou o levantamento da excomunhão dos quatro bispos da FSSPX em duas mensagens na lista Tradição Católica e Contra-Revolução, criada por ele mesmo há mais de 10 anos.

Os dois textos são longos, mas vale a leitura.


Segue a primeira mensagem.


Pax Christi!

Andaram me pedindo para dar um pitaco nesta questão complicada (será?) da retirada da excomunhão do pessoal de D. Lefebvre. A pedidos, lá vai.

Na minha humilde opinião, o Santo Padre mandou muito bem, e agora compete ao Dr. Fellay e seus colegas conseguir voltar à Igreja (digo Dr., por não ter ele jurisdição e por estar ele suspenso a divinis, pecando gravemente se celebrar ou ministrar os Sacramentos. Espero ansioso poder chamá-lo de Dom e poder pedir-lhe a bênção).

Quanto eu digo voltar à Igreja falo em um sentido muito lato. Não se trata de questões legais. Questões legais o Papa resolve com uma canetada, como retirou com uma canetada a excomunhão dos quatro. Quatro que, aliás, eram cinco: o que era um núcleo cismático em Campos hoje em dia, graças a Deus, está dentro da Igreja.

O que é estar dentro da Igreja?

Não é ***só*** estar em uma situação jurídica certinha. D. Casaldáliga está em uma situação jurídica impecável. O Padre Fulano, que usa um cibório de capim prensado em volta de um vaso de barro, idem. Irmã Sicrana, que defende aberrações do arco da velha e acha que o aborto é uma opção da mãe até os dezoito anos de nascido, tbm está.

Mas tampouco é ***só*** ter a Fé Católica. Menos ainda ter os acidentes da Fé e não ter a essência.

Ser católico na segunda metade do século XX - e, por extensão, no começo do XXI - é como ser filho de pai cachaceiro. O Quarto Mandamento dói, dói de verdade. É fácil cumprir o quarto mandamento quando não há sombra de dúvidas de que quando rezamos pelo nossa mãe e a chamamos de serva devota, é isso mesmo. Mas quando o pai é cachaceiro, quando a mãe é arreligiosa, ***quando o padre é discípulo de Marx ou de algum guru da auto-ajuda***, o buraco é mais embaixo.

Já dizia Madre Teresa: Amor só é verdadeiro quando dói. Dói ir à Missa e ficar procurando a Missa, o Sacrifício Incruento, debaixo da mistura bizarra de auto-ajuda com culto protestante que o disfarça. Dói ver coisas tão medonhas acontecendo aqui e ali que Deus chega a mandar um terremoto.

Mas pai é pai, mãe é mãe, a Igreja é mãe, o Papa é pai, e o Quarto Mandamento sempre foi o mais difícil de cumprir.

Quando eu volto pra casa de uma Missa na Basílica de Aparecida em que meu filho de doze anos ficou rodando que nem um doido procurando um padre para receber o Santíssimo, e tinha dezenas deles celebrando jubileu de ordenação, concelebrando a Missa, e o Santíssimo só era distribuído por leigos, e ele ficou sem comungar por causa disso;

Quando eu viajo horas atrás de uma Missa em que - me disseram - não há abusos graves, e antes mesmo do padre entrar vem um sujeito dançando uma dancinha estranha e pedindo “palmas pra jesus” (com minúsculo, pq pelo jeito é o nome do show dele);

Quando eu me ajoelho e beijo a mão do padre, e digo “padre, peço perdão por não o ter reconhecido, com o senhor disfarçado de leigo desta maneira”…

É a hora em que Deus nos coloca como colocou aos filhos de Noé. Não quero ser Canaã (Gn. IX,18ss, e chega de dar referências. Quem conhece, conhece).

É isso que o respeito ao Quarto Mandamento exige, e é isso que parece faltar, na sua soberba, a muitos seguidores de D. Lefebvre.

A Igreja é nossa mãe, nossa mãe amantíssima. Se, como houve com Noé, algo há de errado na forma como ela se apresenta, o mínimo que se pode fazer é ter a decência de trabalhar em prol dela, ***dentro dela***. Fugir para uma capelinha onde se finge estar em 1950 e onde o padre ou o leigo se coloca como juiz do Sumo Pontífice - coisa que nenhum padre ou leigo sonharia em fazer em 1950 - é uma tentação tão medonha, é um igualitarismo tão radicalmente modernista, como qualquer delírio de um “construtor de um mundo novo” nas CEBs.

Quis ut Deus? E quem em sã consciência pode se arvorar em juiz da Igreja, da catolicidade do Papa, valha-me Deus?!

A misericórdia do Santo Padre - “Dominus conservet eum, et vivivicet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius”, como rezo todos os dias nas laudes e vésperas - deu aos quatro filhos de Canaã a chance de agir como seus irmãos abençoados e voltar para a Igreja. Ótimo. Serão bem vindos, como foram bem vindos os Padres de Campos ( e confesso que digo “Benedicto”, mas do fundo do meu coração é “Ferdinando” que me vêm e por quem peço a Deus que “stet et pascat in fortitudine ea et in sublimitate nomini eius”).

Temos, senhores, quatro décadas de lixo a limpar. Quatro décadas de distorções e negações frontais do ensino perene da Igreja, feitas em nome de um “Espírito do concílio”, aproveitando cada ambiguidade e cada má leitura possível plantada pelo Inimigo, agindo no desespero de quem vê chegar ao fim os cem anos que lhe foram dados, pela cronologia do sonho de Leão XIII. Quatro décadas de violões e baterias levando a feiura demoníaca a conspurcar os acidentes do mais belo acontecimento pra cá do Céu. Quatro décadas de catequese negada, em que o protestantismo mitigado dos carismáticos é o que há de mais “religioso” em um panorama de devastação. Quatro décadas de destruição. Quatro décadas de negação da Verdade, de desobediência frontal à lei da Igreja e à Lei de Deus, sob a ridícula justificativa de que “o Concílio” (que não seria o de Trento, nem o Vaticano I…) “mudou tudo”.

Mudou, senhores, porcariíssima nenhuma. Está errado quem se apega a uma suposta refundação da Igreja para pregar barbaridades comunistas, e está errado quem se apega à mesmíssima e supositíssima refundação para se arvorar em juiz da catolicidade do Papa.

Espero em Deus e na Santíssima Virgem que os quatro bispos ora suspensos a divinis peguem suas vassouras e ajudem, deixando na porta seus egos, deixando na porta a maldita e nefanda tentação da soberba que os fez tantas vezes arvorar-se - tal como ocorre com seus seguidores - juízes do Sumo Pontífice.

Fala asneiras o Dr. Willianson? Certamente. Nem mais, nem menos que D. Casaldáliga, e ambos movidos pela mesma tentação demoníaca de usar um concílio como desculpa para a desobediência e o culto a si mesmo, a mais grave forma de idolatria.

Tanto um quanto o outro, contudo, são chamados, como eu, leigo, sou chamado, mas em grau infinitamente superior pela ordenação que receberam - aliás, cabe lembrar que a única definição doutrinal do CVII é esta: a ordenação episcopal é essencialmente diferente da presbiteral - a defender a Verdade e a estar na Igreja, atuantes, como missionários da Verdade. Missionários da Verdade, notem bem. Não juízes do Concílio - dado não haver nenhuma diferença entre o valor do juizo de um e de outro sobre ele - nem, muito menos, do Papa, e por aí vai.

O Santo Padre - Dominus conservet eum, et vivivicet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius - está encarando uma briga monstruosa. É ele, com a ajuda de Deus, contra a Revolução, contra o Inimigo, contra a imbecilidade que quer acreditar na armadilha demoníaca de duas Igrejas, uma pré-conciliar e outra pós-conciliar.

O que compete a cada membro da Igreja Militante, de um pobre leigo idiota como eu a um Bispo, um Cardeal, um sujeito ordenado padre ou bispo (repetindo:diferença dada pelo CVII) e suspenso a divinis, um padre, uma freira, quem mais for, é colocar-se de joelhos diante do Santo Padre e dizer “aqui estou. Que devo fazer?”. Fazer diferentemente é fazer como os vetero-católicos, que se separaram da igreja por acharem os jesuítas moralmente laxos e que hoje tentam ordenar mulheres, quiçá sapos ou pedras.

Espero em Deus que a armadilha da soberba não apanhe em seus laços aos quatro bispos ora suspensos - que fariam enorme bem se viessem a público proclamar que, em virtude de sua suspensão, não ministrarão os Sacramentos até a regularização de sua situação - e que eles, ao invés de ficar atrás das linhas, atirando no comandante, coloquem-se na linha de frente do campo de batalha.

Serão bem vindos.

Que Deus os guarde, e que nós os tenhamos sempre em nossas orações, bem como aos cismáticos russos e anglicanos, também caminhando de volta à Casa do Pai.

No dia de Nossa Senhora das Candeias - que ofereceu oferta de purificação sem precisar ser purificada por ser já totalmente pura -, segunda-feira da 4a semana depois da Epifania no ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2009,
seu irmão em Cristo e criado, sempre necessitado de suas orações,

Prof. Carlos Ramalhete


A segunda mensagem foi em resposta ao questionamento de um participante da lista:



Pax Christi!

>O sr. não dá o título de “Dom” a Fellay porém, no próprio decreto está
>escrito:
>>”Con lettera del 15 dicembre 2008 indirizzata a Sua Em.za il Sig. Cardinale
>Dario Castrillôn Hoyos, Presidente della Pontificia Commissione Ecclesia
>Dei, *Mons*. Bernard Fellay, anche a nome degli altri tre Vescovi consacrati
>il giorno 30 giugno 1988…”
>>Não sei italiano, mas aquele “Mons.” não deve ser “Dr.”…

Até pro Dalai Lama, que é escravo de milhares de demônios, foi usado o título de “Santidade”. Lamento informar, mas não sou nem nunca serei diplomata. Na carta ao novo Patriarca dos cismáticos russos tbm foi usado o termo “Sua Santidade” para referir-se a ele.

Aliás, a situação dos bispos da SSPX - por quem torço e que espero ter plenamente na Igreja em breve - tem pontos em comum com a dos orientais, cuja excomunhão também foi retirada como modo de facilitar o diálogo e uma possível volta à Igreja.

A diferença maior é que, no caso dos cismáticos orientais, tal como no caso de Campos, trata-se de uma Igreja Particular inteira que sai da perfeita comunhão. O patriarca Cirilo tem alguma jurisdição, embora ilegítima. No caso da SSPX, temos quatro pessoas que receberam ordenações episcopais ilícitas, que são seguidas por pessoas que eles mesmos ordenaram ilicitamente ao presbiterato, seguindo da melhor maneira que vêem e na melhor das intenções a santa Tradição da Igreja Latina. Jurisdição zero, só obediência voluntária, como a de meninos ao chefe de um clubinho.

Espero que isto seja sanado em breve. Os problemas, contudo, persistem. O primeiro deles é a soberba; por mais que se trate de um problema subjetivo, é este o maior obstáculo à plena regularização.

O segundo, este muito mais simples de resolver, é a questão jurídica. As ordenações dos sacerdotes e bispos da SSPX (e todo bispo é sacerdote) foi feita ilicitamente, causando sua suspensão a divinis. Do mesmo modo, foi feita fora de uma estrutura canônica regular, o que faz deles acéfalos e vagos, respectivamente. Isto é facílimo de resolver: basta dar à SSPX uma estrutura, talvez mesmo uma semelhante à dada aos Padres de Campos, mas abrangendo o mundo todo. Nada contra, muito pelo contrário. Hoje isso é ainda mais fácil devido ao Motu Próprio, que faz com que a Missa de sempre, o breviário, etc., sejam oficialmente uso oficial da Igreja. Se o padre da paróquia da esquina resolver rezar pelo Breviário ao invés de pela Liturgia das Horas, está hoje em seu pleno direito e cumprindo sua obrigação (recomendo, aliás. O breviário é acidentalmente muitíssimo superior à Liturgia das Horas; é a diferença entre algo erigido com o auxílio do Espírito Santo por séculos e o trabalho de um comitê…).

Se a SSPX voltar plenamente, inserida na estrutura canônica e hierárquica da Igreja, é de se esperar que cada vez mais padres e leigos passem a buscar cultuar a Deus na Tradição da Igreja, e não mais na imitação mal-feita e atrasada das modas do século propagada pelos hippies velhos que falam em nome da CNBB. Mas para isso é preciso que a SSPX abandone sua posição insustentável de pseudo-juiz do Papa e da Igreja, e que seus membros e fiéis percebam que católico é católico quando se submete ao Romano Pontífice.

Não há diferença essencial entre alguém que desobedece frontalmente ao Papa para usar ministretes nas missas dominicais pq acha fofinho e alguém que desobedece para celebrar a Missa de sempre e fingir que dá absolvição sacramental aos incautos. Seria mesmo possível dizer ser pior a situação deste, que sabe e erra, do que a daquele, que é ignorante. Afinal, a absolvição sacramental dada por um padre da SSPX vale exatamente o mesmo que uma “absolvição coletiva” dada por um padre TL: ou o penitente está à beira da morte, ou não vale mais que uma que eu, leigo, dê pela internet - nada.

Quando a Santa Sé recebeu de volta os Padres de Campos, foram retiradas a excomunhão *e todas as outras censuras* ( http://www.adapostolica.org/modules/wfsection/article.php?articleid=293 ). No caso presente da SSPX, foi retirada a excomunhão, ponto. Isto significa que se os padres e bispos da SSPX procurarem algum padre que tenha - ao contrário deles - o poder de dar a absolvição e se confessarem, podem comungar. Ótimo, é um bom começo.

O que não é um bom começo é a estranhíssima visão individualista e modernista que parece ainda animar grande parcela dos membros e fiéis da SSPX, que se referem ao Papa como um igual, como - na melhor das hipóteses - primus inter pares.

Na minha modesta opinião, esta soberba é fruto da horrenda derrocada da Europa e da América do Norte ao pensamento modernista. Enquanto aqui no Brasil os Padres de Campos obedeciam - ainda que no erro - ao Bispo (D. Castro Mayer, de quem aliás se diz ter tentado voltar à Igreja antes de sua morte), a SSPX age como uma seita protestante, espalhando-se e atacando a Igreja abertamente. O raciocínio deles é tipicamente modernista, racionalizando a insubmissão à santa hierarquia, fazendo malabarismos com o CIC como se a Igreja fosse uma democracia ocidental em que um juiz pode levantar-se contra o monarca.

Isto leva, na melhor das hipoteses, a um sedevacantismo material. Se o Papa é tratado não como pai, mas como “ex-marido” na vara de família (”vamos arrancar dele a guarda das crianças e uma pensão, e ele vai ver o que é bom pra tosse”), para eles Papa ele não é. Alguns membros da SSPX perceberam que só faria sentido lógico aderir formalmente ao sedevacantismo, e o fizeram (www.sspv.net). É pelo menos mais honesto, ainda que leve ao Inferno do mesmo jeito.

Os outros, agora, estão sendo recebidos no portão pelo pai, tal como o filho pródigo. Que seja morto um boi gordo, que recebam o anel e o manto!

De nada vale fazer pouco disto, de nada vale arrotar grandezas e se negar à necessária humildade. Espero em Deus que em breve, que em muito breve, eu possa dizer “Dom Ricardo” e não Dr. Willianson. Mas chamá-lo de “Dom” (”Dominus”, Senhor) agora é dizer que um anel feito de palha da pocilga é o mesmo que o anel de ouro do pai que recebe o filho pródigo. É fazer pouco da caridade, da família, da hierarquia e da Igreja.

Vai ser necessário no mínimo fazer a sanatio in radici de todos os matrimônios nulos que a SSPX tentou celebrar, para não falar dos medonhos casos em que a SPPX arrogou-se o direito papal de decretar nulidades matrimoniais e o direito dos ordinários de reduzir diáconos ao estado laical, etc. Vai ser necessário levar todos os que se confessaram aos padres da SSPX de volta ao confessionário. Vai ser necessário sair da brincadeira de casinha na capelinha em que só se obedece ao próprio umbigo. Vai ser necessário, em outras palavras, abandonar o protestantismo e o modernismo que hoje dominam a SSPX para tê-la de volta, dentro da Igreja, atuando e lutando contra as barbaridades que hoje a assolam.

Se os seus líderes tiverem a humildade de reconhecer que fazer malabarismos canônicos ignorando a vontade expressa do Sumo Pontífice tem exatamente o mesmo valor que espernear no chão gritando que vai prender a respiração até ficar roxo se não ganhar o brinquedo, se eles se dispuserem a entrar na briga para valer, vai ser maravilhoso. Meninos mimados brincando de casinha não ajudam em nada, só atrapalham quando a guerra está comendo solta. Que venham, que se submetam, que peguem suas armas e entrem nas trincheiras reais.

Vamos tê-los propagando as belezas litúrgicas e devocionais da Tradição, levando aos poucos os outros padres a abandonar os delírios e invencionices com que hoje fazem frequentemente da liturgia um circo dos horrores. Vamos tê-los nas Conferências episcopais, falando e sendo ouvidos. Vamos tê-los no rádio, na TV, pregando com autoridade.

E isso abrirá as portas para a volta dos cismáticos orientais, tal como a volta dos Padres de Campos deu aos anglicanos tradicionalistas a oportunidade de pensar em voltar. É provável que em breve tenhamos um grupo enorme de ex-anglicanos voltando para a Igreja, com seus pseudo-sacerdotes recebendo as ordens sacras, com suas capelas sendo consagradas, com o que era uma farsa tornando-se verdade. O mesmo pode acontecer com patriarcados orientais inteiros, se a SSPX voltar.

A Barca está voltando, como no sonho de S. João Bosco, a seu lugar entre as colunas. É isto o necessário para trazer de volta todos os cismáticos que procuram manter a Fé. Uma etapa fundamental é a volta da SSPX, por que rezo todos os dias, mas para que isso aconteça, é necessário que eles percebam que são o filho pródigo, não um juiz do pai.

É preciso humildade.

[]s,

seu irmão em Cristo,

Carlos

Apoio ao Santo Padre


Foi criado um manifesto de apoio ao Santo Padre, nesse momento que, após o levantamento da excomunhão dos quatro bispos da FSSPX, ele sofre tantos ataques dos modernistas. Esses sabem que a Fraternidade, devidamente inserida na Igreja, será um forte reforço na luta contra essa heresia que assola o orbe católico.

O texto do site explica o teor do manifesto: http://www.soutienabenoitxvi.org/index.php?lang=pt

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Concílio, eixo do magistério de Bento XVI, segundo cardeal Bertone

ROMA, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Alguns sustentam que o Concílio Vaticano II supôs uma nova ‘Constituição’ na Igreja, mas isso é absurdo», como manifestaram todos os papas até agora, inclusive Bento XVI: assim explicou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado Vaticano, em uma conferência sobre o pensamento do Papa Bento XVI, por ocasião do 60º aniversário da fundação do Círculo de Roma, segundo recolhe L'Osservatore Romano em sua edição de ontem.

O cardeal Bertone afirmou que a tese que uma ruptura entre a Igreja anterior e posterior ao Concílio é «falsa», pois «a constituição essencial da Igreja vem do Senhor, que se entregou a nós para que pudéssemos alcançar a vida eterna e, partindo desta perspectiva, estamos em situação de iluminar também a vida no tempo e o próprio tempo».

Para o purpurado, o Vaticano II gerou «duas interpretações opostas: a da descontinuidade e a ruptura, que obteve simpatia da mídia e de uma parte da teologia moderna», e «a da reforma e a renovação na continuidade da única Igreja que o Senhor deu, e que é a que está, silenciosamente, mas cada vez de modo mais visível, dando fruto».

Portanto, o Papa atual, acrescentou, «inscreve-se a título pleno no grupo de pontífices que disse ‘não’ à hermenêutica da descontinuidade e ‘sim’ à da reforma, tal como explicou João XXIII na abertura do Concílio e confirmou Paulo VI no discurso de conclusão».

O cardeal Bertone explicou que o pontificado de Bento XVI é uma «obra ainda em construção» e que é prematuro «fazer um balanço». Contudo, assinalou que este papa «soube retomar com profundidade e sabedoria pastoral o que o Concílio afirma na Lumen Gentium e na Gaudium et spes sobre a missão da Igreja».

Neste sentido, destacou os esforços «no serviço à unidade» que o atual Papa está levando a cabo, tanto no relativo à reconciliação e à unidade interna da Igreja Católica, como no relativo ao ecumenismo.

Quanto à unidade interna da Igreja, o cardeal Bertone destacou a transcendência de sua carta aos católicos chineses, o motu proprio Summorum Pontificum e «seu recente gesto com relação aos seguidores de Lefebvre», explicou.

Com relação à unidade entre os cristãos, destacou o «diálogo sereno e paciente» que Bento XVI, seguindo o caminho empreendido por João Paulo II, «está levando a cabo com os líderes das igrejas ortodoxas e das demais confissões e comunidades eclesiais».

Contudo, acrescentou, «o Papa insiste em que para poder dialogar com a modernidade, é necessário que a fé do cristão seja sólida, e que não se reduza a um mero sentimento privado. Entende-se a importância que tem em seu magistério o fundamento racional da fé e a relação entre fé e razão».

Também explicou que no centro de seu pensamento e obra está «a constante referência a Cristo», como manifesta sua obra Jesus de Nazaré.

«Em uma época na qual proliferam publicações sobre Jesus com visões opostas, algumas das quais inclusive retomando antigas teorias esotéricas, Bento XVI nos convida a conhecer a Cristo em sua verdade histórica, para poder encontrá-lo em seu mistério de salvação», acrescentou.

Por último, ele se referiu às encíclicas Deus caritas est e Spe salvi e a outros documentos de caráter ético e social, «nos quais surge continuamente a questão da dignidade humana, a defesa da vida, a tutela da família baseada no matrimônio», como «base de qualquer diálogo sobre valores».

O Círculo de Roma foi fundado em 1949 pelo então substituto da Secretaria de Estado, Dom Giovanni Battista Montini, futuro Paulo VI. Esta associação, que tem sua sede na Igreja de Santa Maria in Cosmedin, tem como objetivo favorecer o contato com o mundo cultural e diplomático, assim como impulsionar iniciativas que promovam o diálogo espiritual na cultural atual.