sexta-feira, 15 de maio de 2009

Bíblia Edição Pastoral, por D. Estevão Bettencourt


Bíblia Sagrada. Edição Pastoral


Em síntese: A "Bíblia. Edição Pastoral", em tradução e notas de Ivo Storniolo e Euclides Balancin, não preenche a finalidade que se propõe. Inspirada por ideologia marxista, deturpa as concepções da história sagrada e da teologia; a leitura materialista aplicada ao texto sagrado torna a mensagem imanentista, fazendo-a perder o seu caráter transcendental. O Vocabulário do fim do volume e as notas de rodapé dão as chaves de interpretação dos livros bíblicos; a própria tradução portuguesa, num ou noutro ponto, deturpa o sentido do texto sagrado. Em conseqüência, deve-se lamentar a difusão de tal obra nos ambientes eclesiásticos do Brasil. A Pastoral não significa incitamento à luta de classes e às divisões entre os homens.


* * *


As Edições Paulinas publicaram uma nova tradução da Bíblia dita "Pastoral" (BP), acompanhada de notas de rodapé e Vocabulário, que vem suscitando perplexidade: há os que defendem tal edição, devida a Ivo Storniolo e Euclides Martins BalancÍn, como sendo "o livro ideal" (ver "Jornal de Opinião", 1-7/7/90. p. 3). Mas há também os que a impugnam com argumentos sérios, mostrando graves falhas na inspiração básica e na confecção de tal tarefa. O assunto já foi abordado em PR 337/1990, pp. 285s. Voltamos ao problema, aduzindo novas observações, provenientes, em grande parte, de D. João Evangelista Martins Terra S. J., Bispo Auxiliar de Olinda-Recife, Membro da Equipe Teológica do CELAM e da Pontifícia Comissão Bíblica.



1. Três observações básicas

A tradução do texto bíblico da Edição Pastoral é aceitável com algumas ressalvas, que indicaremos à p. 523s deste artigo. Todavia, as notas de pé de página e o Vocabulário, encontrado às pp. 1616-23, pretendendo dar a chave de leitura e interpretação da Bíblia, são alheios à Tradição bíblica judeo-cristã e distorcem a mensagem sagrada para o setor da ideologia sócio-político-econômica. Sem o perceber, o leitor desprevenido vai absorvendo uma concepção filosófica não cristã sob a capa de Palavra de Deus Isto se depreende facilmente desde que se dê um pouco de atenção ao Vocabulário dessa Edição.

1.1. O elenco do Vocabulário

Eis os principais verbetes que interessam aos estudos e ao linguajar bíblicos ou os principais vocábulos da mensagem bíblica tomada como tal: Aarão, Abel, Abraão, Ação de graças, Adão, Adoração, Adultério, Água, Alma, Anjo. . .

Bem diferentes são os verbetes do Léxico da Edição Pastoral dispostos segundo a ordem alfabética: Aliança, Alienação, Amor, Autoridade, Auto-suficiência. Campo, Celebração, Cidade, Comércio, Compaixão, Comunidade, Conflito, Consciência, Conversão, Corrupção, Dinheiro, Direito, Discernimento, Dominação, Educação, Encarnação, Escravidão, Esperança, Exploração, Fé, Fraternidade, Gratidão, Herança, História, Idolatria, Injustiça, Integridade, Javé, Jesus, Julgamento, Justiça, Lei, Liberdade, Libertação, Liderança, Lucro, Memória, . . . Poder, . . . Produção, Projeto de Deus, Prosperidade, . . . Repressão, . . . Riqueza, Roubo, Tributo, . . . Violência. . . Estes vocábulos têm sua repercussão nas notas de rodapé, inspirando uma doutrinação que já não é bíblica, mas preponderantemente marxista. Os próprios vocábulos tipicamente bíblicos que ocorrem no Léxico Pastoral, são esvaziados de seu conteúdo próprio e característico para assumir significação ideológica. Assim, por exemplo:

"Aliança: É o centro da Bíblia. Deus se alia com os pobres e oprimidos para construir uma sociedade e uma história voltadas para a vida".

Ora é de notar que a Aliança de Deus com os homens não começa na época dos pobres e oprimidos, mas é universal ou destinada a todos desde o início; o segundo Adão, Jesus Cristo, Mediador da nova e definitiva Aliança, tem sua imagem ou seu esboço no primeiro Adão, pai de toda a humanidade, conforme Rm 5,14; é com os primeiros pais que Deus trava a primeira Aliança, voltada para todos os homens, conforme Eclo 17,10.

"Amor: Mistério de Deus e do homem. Gera a relação de onde brotam a liberdade e a vida".

"Celebração: Reunião do povo para comemorar os fatos centrais da vida e conservar a lembrança dos acontecimentos que marcaram a caminhada do povo".

Este conceito se aplica às celebrações cívicas, não, porém, às celebrações litúrgicas, nas quais se torna presente e atuante a Páscoa (Morte e Ressurreição) de Jesus Cristo para fazer que os homens participem da obra da Redenção.

"Esperança: Dinamismo que mantém o povo aberto para realizar plenamente o projeto de Deus. A esperança leva o povo a buscar transformações econômicas, políticas, sociais e religiosas".

Silencia-se o objeto supremo da esperança cristã, que é a vida eterna com a visão de Deus face-à-face.

"Fraternidade: Relação igualitária, onde todos, como irmãos, podem participar das decisões que constróem a sociedade, e juntos usufruir dos bens que cada um produz".

"Javé: É o misterioso Deus vivo que se manifesta respondendo ao clamor dos pobres e oprimidos para os libertar dos exploradores e opressores. Ele é a fonte e a meta da liberdade e da vida. Por isto é aliado daqueles que buscam liberdade e vida, opondo-se a todas as pessoas e estruturas que produzem escravidão e morte".

"Justiça: Realização do projeto de Deus. A justiça se concretiza na partilha e na fraternidade, dirigindo-se a sociedade para a solidariedade e a paz. Exige, para todos, a distribuição igualitária dos bens e a possibilidade de participar das decisões que regem a vida e a história do povo. Na Bíblia a justiça é eminentemente partidária, visando a defender a causa dos indefesos".

Como se vê, os conceitos bíblicos são todos analisados em chave sócio-política, que supõe a luta de classes na sociedade.

Duas noções merecem especial atenção.

1.2. A Revelação

Eis como a apresenta o Vocabulário:

"Revelação: Manifestação de Deus através das realidades da vida e dos acontecimentos da história. Mostra o caminho que o povo deve seguir. Exige a atenção do homem, pois Deus está continuamente se revêlando".

O conceito de Revelação que até hoje se prolonga, é ambíguo. A fé católica distingue:

1) A Revelação de Deus normativa que manifesta o desígnio de Deus e os meios de salvação; encerra-se com Jesus Cristo, como diz a própria S. Es¬critura: "Outrora muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos pais pêlos Profetas. No período final, em que estamos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1s).

2) Após Jesus Cristo, não há Revelação normativa; Deus proporciona "os sinais dos tempos", que reavivam no homem a consciência das verdades da fé, mas nada acrescentam de novo; estamos nos últimos tempos relativa¬mente à doutrina (cf. 1Jo 2,18).

O Papa Pio X condenou explicitamente a proposição modernista que dizia:


"A Revelação que constitui o objeto da fé católica, não se encerrou com os Apóstolos" (Denzinger-Schönmetzer. Enchiridion n° 3421 [2021}).

O Concílio do Vaticano II reafirmou a clássica doutrina:

"Jesus Cristo aperfeiçoa e completa a Revelação e a confirma com o testemunho divino de que Deus está conosco, . . A economia crista, como aliança nova e definitiva, jamais passará, e não há que esperar nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1 Tm 6,14 e Tt 2,13)" (Const. Dei Verbum no 4).

Vê-se, pois, que o Vocabulário da Bíblia Pastoral está longe do genuíno pensamento católico.


1.3. Projeto de Deus

Todo o Vocabulário e as notas de rodapé são perpassadas pela noção de projeto de Deus, que dá o sentido aos demais verbetes. Ocorre mais de seiscentas vezes na Edição Pastoral, e até mesmo cinco ou seis vezes na mesma frase.

Ora "projeto de Deus" no contexto dessa obra não é uma noção teológica; não significa nem Providência nem desígnio de Deus, mas, sim, algo de tipicamente marxista, como se depreende a seguir:

"Projeto de Deus: Aliando-se aos que são marginalizados pelo sistema injusto. Deus entra na história com novo caminho: promover a liberdade e a vida para todos. Todavia esse projeto está sempre em conflito com o projeto das nações que alicerçam sua riqueza e poder sobre a escravidão e a morte do povo. A luta para manter vivo dentro da história o projeto de Deus é o ponto de honra do povo de Deus".

Como dito, a expressão "projeto de Deus" entra na composição de muitos outros verbetes do Vocabulário como um chavão ideológico. E is alguns espécimens:

"Comércio: Atividade econômica fundamental da cidade, destinada. . . a gerar lucro, exploração e riqueza. No projeto de Deus, o comércio é superado pela partilha e gratuidade".

"Conflito: Choque entre grupos que têm objetivos e interesses diferentes. Na Bíblia, o principal conflito aparece entre o projeto de Deus para a vida e os projetos da auto-suficiência, que geram a morte".

"Consciência: Compreensão que o povo tem da realidade, a partir do projeto de Deus. Ela demitiza a ideologia da classe dominante, e cria discernimento para se construir uma sociedade fundada na justiça e na fraternidade".

"Educação: Relação entre gerações (pais-filhos), na qual se transmite a memória das lutas do povo, a fim de que a nova geração aprenda com os erros e acertos de seus pais. Dessa forma, a nova geração poderá criar caminhos novos e alternativos para realizar o projeto de Deus na história. As tradições da Bíblia se conservaram graças a esse processo".

"Encarnação: Deus encarna-se na vida e na história humanas, mostrando o valor inestimável que elas têm diante dele. A coerência com a fé exige que nos encarnemos também para que o projeto de Deus transforme as estruturas políticas e econômicas, dirigindo a história para a liberdade e a vida".

"Propriedade: O direito de propriedade é sagrado, e o mundo deve ser igualitáriamente distribuído entre todos. A acumulação de propriedade, formando latifúndios, e a especulação imobiliária são contrárias ao projeto de Deus".

"Ressurreição: Passagem da morte para a vida. Não se refere apenas à morte física, mas a todas as mortes geradas por projetos contrários ao projeto de Deus".

"Sociedade: Grupo humano que realiza um projeto em comum, organizado em nível econômico, político, social g ideológico. Nem sempre a sociedade vive o seu projeto de acordo com o projeto de Deus, que provoca transformações profundas nas relações sociais".


Estes poucos espécimes mostram que a mensagem bíblica é toda repensada e posta estritamente a serviço de transformações sócio-político-econômicas imanentes, sem que haja acenos à transcendência para a qual devem caminhar o homem e a história. A justiça e a reta ordem social neste mundo são germens do Reino de Deus, que só estará consumado no fim dos tempos ou no Além, jamais no decorrer da história. O materialismo marxista é que julga poder prometer a plena realização das aspirações dos homens no decurso da história mediante a redistribuição dos meios de produção material.



2. A filosofia subjacente


Quem lê atentamente os verbetes do Vocabulário e as notas de rodapé da BP verifica que são devedores ao que se chama "a leitura materialista da Bíblia". Esta não nega Deus e os valores espirituais, mas julga que são "superestrutura" ou derivados da "infra-estrutura" ou do jogo dos bens materiais no curso da história. Com outras palavras: supõe que os fatores decisivos da história sejam de ordem material (econômica) e política; a procura de posse dos bens materiais e do poder moveria todos os acontecimentos da história e condicionaria a crença em Deus, o culto religioso e a definição das normas morais. Adotando teses do marxismo, os fautores da leitura materialista da Bíblia contrapõem entre si campo e cidade, como, aliás, fazem l. Storniolo e E. Balancin:

"Campo: É o polo fundamental da produção que sustenta a vida. É explorado pela cidade".

"Cidade: Lugar da riqueza e do poder, que se concentram na mão de poucos, produzindo conflitos, principalmente com o campo" (p. 1616).


Partindo destes conceitos, os autores das notas da BP comentam o texto bíblico de maneira artificial e deformante:

Assim, por exemplo, o livro do Gênesis refere que Lote se separou de Abraão, ficando aquele com as cidades, e este com os campos. A nota a Gn 13,1-18 diz então o seguinte: "Ló escolhe a região onde estão as cidades; assim ele entra no âmbito de uma estrutura que se sustenta graças á exploração e opressão do povo. Abraão, ao invés, fica aberto para uma história nova, fundada unicamente no projeto de Deus" (p. 26).

O comentário de Js 4,1-24 justifica a partilha da terra de Canaã pêlos filhos de Israel nos seguintes termos:

"Antes da instalação de Israel, Canas era um conjunto de cidades-Estado que oprimiam e empobreciam a população camponesa, através do sistema tributário. A conquista realizada por Israel derrotou esse sistema e implantou o sistema das doze tribos. . . , visando construir uma sociedade justa e igualitária. . . A nova geração deve ser educada a não voltar para trás, reproduzindo o sistema social injusto" (p. 244).

Vejam-se as notas paralelas:

"Só existe verdadeira paz guando se erradica completamente o sistema injusto que explora e oprime o povo" (p. 253).

"A conquista da terra. .. destroi um sistema classista injusto" (p. 255).

"As Cidades-Estado de Canaã justificavam a política opressora e exploradora dos seus reis" (p. 272).

"Sem poder mais explorar os camponeses e suas terras, tais cidades não conseguiram oferecer sacrifício. . . seus armazéns ficaram vazios por falta de trigo. Enquanto isso, os camponeses vitoriosos conseguiram livrar-se dos tributos e puderam gozar da fartura" f p. 274}.

"Para uma volta ao projeto de Javé, é necessário romper... o sistema opressor das cidades" (p. 276).


A leitura materialista da Bíblia, julgando que as cidades se enriquecem mediante o tributo cobrado dos camponeses, afirma que os templos religiosos vêm a ser centros econômicos e políticos nos quais se deposita o lucro resultante da exploração comercial e tributária. É por isto que na p. 1237 se lê em rodapé:

"No tempo de Jesus o templo (de Jerusalém) possui imensas riquezas e toda a cúpula governamental age a partir daí. Desse modo a casa de oração e ofertas a Deus se torna um imenso Banco e lugar de poder político. Em outras palavras, a religião se torna instrumento de exploração e opressão do povo".

Desnecessário é dizer que esta descrição fantástica do Templo no tempo de Jesus carece de toda base histórica. Esse Templo, devido ao rei Herodes, ainda estava em fase de acabamento na época de Jesus; as obras de decoração demoravam por falta de recursos, como descreve pormenorizadamente o historiador judeu contemporâneo de Jesus, Flávio José (Antigüidades Judaicas 15,380-425).

Pêlos mesmos motivos é despropositado o comentário feito «m rodapé a Mc 11,15 (expulsão dos vendilhões do Templo):

"Acusando e atacando o comércio existente dentro do Templo, Jesus retira as bases sobre as quais se apoiava toda uma sociedade. Com efeito era com esse comércio que se sustentava grande parte da economia do país. O gesto de Jesus mexe não só com um modo de vida religiosa, mas com toda uma estrutura que usa a religião para estabelecer e assegurar privilégios de uma classe e sustentar uma visão mesquinha de salvação. Por isso, os que se favorecem desse sistema, pensam em matar Jesus, mas temem o povo" (p. 1298).

Este comentário fica longe da realidade histórica. O que ocorria no tempo de Jesus, era o seguinte: como em todos os santuários (ou mesmo como em todos os lugares onde se aglomera muita gente), no Templo de Jerusalém acorriam, nos dias de festa, camelos e vendedores ambulantes que armavam suas bancas para vender alimentos, objetos para o culto (vítimas), lembranças ou para fazer o câmbio das moedas estrangeiras. Esses pequenos comerciantes prestavam serviço aos milhares de peregrinos que afluíam ao Templo nas grandes solenidades; mas o acúmulo de gente, com suas necessidades, dava ocasião propícia à ganância e à exploração. Entendem então que Jesus tenha reagido contra esses abusos; tal reação, porém, não teve, em absoluto, as proporções que a Bíblia Pastoral lhe atribui:

"Acusando e atacando o comércio existente no Templo, Jesus retira as bases sobre as quais toda uma sociedade se apoiava. De fato, era com esse comércio que se sustentava grande parte da economia do pais. O gesto de Jesus abala não apenas um sistema de vida religiosa, mas toda uma estrutura que usa da religião para estabelecer e assegurar privilégios de uma classe e para sustentar uma visão mesquinha de salvação. Jesus é apresentado como o rei legítimo, centro de nova aliança: ele. . . é aclamado pelas crianças como o Messias. Aqueles que são privados de apoio oficial e de poder, estão prontos para receber Jesus, enquanto as autoridades o rejeitam" (p. 1267).

Eis alguns espécimens da leitura materialista realizada pêlos responsáveis da BP. Não se encontra nesta alguma alusão aos Santos Padres, à Tradição e ao Magistério da Igreja; o que aí se incute, é a perspectiva de uma sociedade estruturada segundo o marxismo e não a imagem do Reino de Deus em demanda de sua consumação escatológica.

"Mc 8,27-33: A ação messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres, e poderosos à custa de fracos. Por isto, essa sociedade vai matar Jesus antes que ele a destrua".

É este o comentário a uma passagem evangélica que fala da morte e ressurreição de Jesus. Estas são simplesmente silenciadas pêlos comentadores, como se não tivessem, antes do mais, importância transcendental.

Além de se ressentir de inspiração ideológica marxista, a Edição Pastoral comete seus erros teológicos e exegéticos, como se verá a seguir.


3. Erros doutrinários

1. No tocante à vida póstuma, os autores das notas parecem professar a ressurreição dos corpos logo após a morte do indivíduo, em desacordo com a doutrina oficial da Igreja e dos textos da própria Bíblia. Com efeito, eis o que se lê à p. 1476:

"Em Corinto alguns pensam que, depois da morte, a alma imortal continua vivendo sozinha. . . Outros pensam que tudo termina com a morte. . . Paulo mostra que ambas as opiniões são contrárias ao núcleo da fé crista".

Na verdade, a própria S. Escritura (ou o próprio São Paulo) professa a sobrevivência da alma sem o corpo, ficando a ressurreição da carne reservada para o fim dos tempos. Ver, por exemplo:

1Cor 15, 22-24a: "Assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda (parusia). A seguir, haverá o fim".

1Ts 4,16s: "Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida, nós, os vivos que estivermos tá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares".

Estes dois textos situam a ressurreição dos mortos no momento da parusia ou da segunda vinda de Cristo. — Entre a morte do corpo e a ressurreição no fim dos tempos, a alma separada do corpo goza da sua sorte eterna (bem-aventurada, se d pessoa morreu em graça):

2Cor 5,8: "Estamos cheios de confiança, e preferimos deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor".

Fl 1,23: "Meu desejo é partir e estar com Cristo, pois isto me é muito melhor".

Lc 23, 43: Disse Jesus ao bom ladrão pouco antes de morrer: "Em verdade eu te digo: Hoje estarás comigo no paraíso".

A Congregação para a Doutrina da Fé explicitou esta doutrina numa Instrução datada de 17/05/1979, onde se lê:

"... 3) A Igreja afirma a sobrevivência e a subsistência, depois da morte, de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade, de tal modo que o 'eu humano' subsista, mesmo sem corpo. Para designar esse e/emento, a Igreja emprega a palavra 'a/ma', consagrada pelo uso que de/a fazem a Sagrada Escritura e a Tradição. Sem ignorar que este termo é tomado na Bíblia em diversos significados. Ela julga, não obstante, que não existe qualquer razão séria para o rejeitar e considera mesmo ser absolutamente indispensável um instrumento verbal para sustentara fé dos cristãos.. .

5) A Igreja, em conformidade com a Sagrada Escritura, espera a gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, que Ela considera como distinta e diferida em relação àquela condição própria do homem imediatamente depois da morte.

6) A Igreja, ao expor a sua doutrina sobre a sorte do homem após a morte, exclui qualquer explicação que tirasse o sentido à Assunção de Nossa Senhora naquilo que ela tem de único; ou seja, o fato de ser a glorificação corporal da Virgem Santíssima uma antecipação da glorificação que está destinada a todos os outros eleitos".


2. Algumas vezes as notas de rodapé da BP, de índole histórica, são derivadas da Bíblia de Jerusalém. Mas nem sempre de modo inteligente. Assim, por exemplo, no comentário de Ex 23,14-19 a Bíblia Pastoral repete o mesmo erro que já ocorria na Bíblia de Jerusalém em português, afirmando que a festa das Semanas era celebrada durante sete semanas ou cinqüenta dias (p. 96). Ora a Festa das Semanas, chamada Pentecostes em grego, era celebrada cinqüenta dias após o começo da colheita, como explicam Dt 16,9 e Lv 23,16, mas não durava cinqüenta dias; durava um dia apenas!

3. A BP traduz 1Cor 7, 36-38 nos seguintes termos:

"Se alguém, transbordando de paixão, acha que não conseguirá respeitar a noiva, e que as coisas devem seguir o seu curso, faça o que quiser. Não peca; que se casem. Ao contrário, se alguém, por firme convicção, sem constrangimento e no pleno uso de sua vontade, resolve respeitar a sua noiva, está agindo bem. Portanto, quem se casa com sua noiva faz bem; e quem não se casa, procede melhor ainda".

Ora o texto grego original fala de virgem (parthénos), e não de noiva (nymphe). A tradução clássica é apresentada pela Bíblia de Jerusalém:

"Se alguém julga agir de modo inconveniente para com a sua virgem, deixando-a passar da flor da idade, e que portanto deve casá-la, faça o que quiser; não peca. Que se realize o casamento! Mas aquele que, no seu coração, tomou firme propósito, sem coação e no pleno uso da própria vontade, e em seu íntimo decidiu conservar a sua virgem, esse procede bem. Portanto, procede bem aquele que casa a sua virgem; e aquele que não a casa, procede melhor ainda".

Em nota a Bíblia de Jerusalém alude à tradução adotada pela BP como sendo pouco habitual. A BP prefere a nova maneira de traduzir, sem dar informações sobre o seu caráter muito hipotético.


4. Conclusão

É louvável a intenção de tornar o texto bíblico acessível e compreensível ao maior número possível de leitores. Isto, porém, não significa incutir determinada opção ideológica, de mais a mais que a ideologia marxista se apresenta ao mundo de hoje como fracassada e ultrapassada. A Justiça Social é sumamente desejável, sim; ela decorre da própria mensagem bíblica que a Doutrina Social da Igreja, através das encíclicas papais, vem desenvolvendo e aplicando aos nossos tempos. A Igreja não precisa de recorrer a sistemas heterogêneos para propor aos homens a autêntica mensagem da salvação.

Notemos a grande responsabilidade que toca a tradutores e editores da Bíblia: a linguagem do texto sagrado penetra e forma a mentalidade do povo que a lê. A tradução de Lutero plasmou a língua alemã. Permita Deus que a sua santa Palavra não sirva de instrumento para levar o povo cristão à deterioração e a desvios da fé!

E. B.
(D. Estêvão Bettencourt O.S.B.)

A Eucaristia na vida do sacerdote - Dom Fernando Guimarães


Se estamos sempre dispostos a criticar os erros, devemos também sempre elogiar os acertos.

Dom Fernando Guimarães, bispo de Garanhuns, está se destacando dentro do espiscopado brasileiro pela sua ortodoxia, piedade e coragem em pregar a Verdade.

Ainda na Quaresma, ele proibiu "definitiva e peremptoriamente a celebração das assim chamadas “confissões comunitárias” no território da Diocese de Garanhuns" (NOTA SOBRE CONFISSOES COMUNITARIAS - nº 3). Já é bem sabido que tal confissão é proibida pela Igreja, mas o fato de ocorrerem até com certa frequência em muitos lugares, merece realmente um atitude dos pastores; e Dom Fernando o fez!

Por ocasião da Quinta-Feira Santa este digno Sucessor dos Apóstolos publicou uma Carta Pastoral aos sacerdotes e seminarista de sua diocese. A carta é um primor de ortodoxia e piedade. Vale a pena a leitura.

Que Deus nos dê a graça de termos muitos bispos como Dom Fernando!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Índice bíblico contra os erros protestantes

A Bíblia traduzida para o português pelo Pe. Matos Soares é considerada por muitos como a melhor versão das Sagradas Escrituras para nossa língua. É traduzida diretamente da Vulgata de São Jerônimo, tem excelentes e ortodoxas notas de rodapé, além de um interessantíssimo índice de citações bíblicas contra os erros dos protestantes.

Infelizmente a Bíblia do pe. Matos Soares não é mais publicada, só sendo possível encontrá-la em sebos.

Há alguns anos atrás digitei esse índice no computador, mal me lembrava disso. Numa conversa no Orkut sobre Bíblia, foi solicitado esse índice a quem o tivesse. Lembrei-me desse e fui revirar meu computador.

Consegui encontrar, segue o referido índice.



TEXTOS DA BÍBLIA QUE CONSTITUEM O DOGMA CATÓLICO
CONTRA OS ERROS PROTESTANTES

Pe. Matos Soares




Absolvição

· O poder de dar a absolvição prometido e concedido aos pastores da Igreja: Mt 16, 19; 18, 18; Jo 20, 22-23.


Anjos

· Somos confiados à sua guarda: Mt 18, 10; Hb 1, 14; Ex 23, 20-21; Sl 90, 11-12;.
· Oferecem as nossas orações: Ap 8.
· Rogam por nós: Zc 1,12.
· Estamos em comunhão com eles: Hb 12, 22.
· Foram venerados pelos servos de Deus: Js 5, 14-15.
· Também foram invocados: Gn 48, 15-16; Os 12, 4; Ap 1, 4.


Batismo

· É ordenado por Jesus Cristo: Mt 28, 19.
· Necessário para a salvação: Jo 3, 5.
· Administrado pelos Apóstolos com água: At 8, 36-38; 10, 47-48.
· Além disto: Ef 5, 26; Hb 10, 22; 1Pd 3, 20-2.
· Quanto ao batismo das crianças: Lc 18,16 comparado com Jo 3, 5


Chefes ou governadores da Igreja e a sua autoridade

· Dt 18, 8-9; Mt 18, 17-18; 28, 18-20; Lc 10, 16; Jo 14, 16-17-26; 16, 13; 20, 21; Ef 4, 11-12; Hb 13, 7-17; 1Jo 4, 6.


Cristo (Jesus)

· É o Filho unigênito de Deus, o verdadeiro Filho de Deus por natureza, o único gerado de Deus: Mt 16, 16; Jo 1, 14; 3, 16-18; Rm 8, 32; 1Jo 4, 9.
· O mesmo Deus que seu Pai e igual a Ele: Jo 5, 18-19-23; 10,30; 14, 9s; 16, 14-15; 17, 10; Fl 2, 5-6;
· Verdadeiro Deus: Jo 1, 1; 20, 28-29; At 20, 25; Rm 9, 5; Tt 2, 13; 1Jo 3, 16; 5, 20; além disto: Is 9, 6; 35, 4-5; Mt 1, 23; Lc 1, 16-17; Hb 1, 8.
· É o criador de todas as coisas: Jo 1, 3-10-11; Cl 1, 5-16-17; Hb 1, 2-10-12; 3, 4.
· O Senhor da Glória: 1Cor 2, 8.
· O Rei dos reis e Senhor dos senhores: Ap 17, 4; 19, 16.
· O primeiro e o último, o alfa e o ômega, o princípio e o fim, o Onipotente: Ap 1, 8-17; 22, 12-13.
· Morreu por todos: Jo 3, 13-17; Rm 5, 18; 2Cor 5, 14-15; 1Tm 2, 3-6; 4, 10; Hb 2, 9; 1Jo 2, 1-2; também pelos condenados: Rm 14, 15; 1Cor 8, 11; 2Pd 2,1.


Comunhão

· Sob uma só espécie é suficiente para a salvação: Jo 6, 55-57-58.
· O Corpo e o Sangue de Jesus Cristo são agora inseparáveis: Rm 6, 9.
· Menção de uma espécie unicamente: Lc 24, 30-31; At 20, 7; 1Cor 10, 17.


Concílios da Igreja

· São assistidos por Cristo: Mt 18, 20; e pelo Espírito Santo: At 15, 28.
· Seus decretos devem ser cuidadosamente observados pelos fiéis: At 15, 41; 16, 4.


Confissão dos pecados

· Confessar os pecados: Nm 5, 6-7; Mt 3, 6; At 19, 18; Tg 5, 16.
· A obrigação da confissão é uma conseqüência do poder judiciário de atar e desatar, de reter os pecados, dada aos pastores da Igreja de Cristo: Mt 18, 18; Jo 20, 22-23.


Confirmação

· Foi administrada pelos apóstolos: At 8, 15-17; 19, 6; 2Cor 1, 21-22; Hb 6, 2.


Continência

· É possível: Mt 19, 11-12.
· O voto que se faz obriga: Dt 23, 21.
· A transgressão do voto é condenável: 1Tm 5, 12.
· A prática é recomendada: 1Cor 8, 8-27-37-38-40.
· Quanto aos motivos que respeitam particularmente ao clero: 1Cor 7, 32-33-35.


Escritura Sagrada

· É difícil de compreender, e muitos lhe dão, hoje em diante, este sentido para sua própria perdição: 2Pd 3, 16.
· Não deve explicar-se por uma interpretação particular: 2Pd 1, 20.
· É alterada pelos hereges: Mt 19, 11.


Espírito Santo

· Sua divindade: At 5, 3-4; 28, 25-26; 1Cor 2, 10-11; 6, 11-19-20; vide também: Mt 12, 31-32.
· A fórmula do Batismo: Mt 28, 19-20.
· Procede do Pai e do Filho: Jo 15, 26.


Eucaristia

· A presença real do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, e a transubstanciação provadas por: Mt 26, 26; Mc 14, 22-24; Lc 22, 19; Jo 6, 51-52s; 1Cor 10, 16; 11, 21-24-25-27-29.


Unção dos Enfermos

· Tg 5, 14-15.




· A verdadeira fé é necessária à salvação: Mc 16, 16; At 2, 47; 4, 12; Hb 11, 6.
· A fé sem as boas obras é uma fé morta: Tg 2, 14-17-20.
· A fé só não justifica: Tg 2, 24.
· Mas a fé obrando pela caridade: Gl 5, 6.
· A fé não implica a certeza absoluta do estado de graça, e muito menos ainda da salvação eterna: Rm 11, 20-22; 1Cor 9, 27; 10, 12; Fl 2, 2; Ap 3, 11.


Igreja (a) de Jesus Cristo

· Existirá para sempre: Mt 16, 18; 28, 20; Jo 16, 16-17; Sl 47, 9; 71, 5-7; 88, 3-4-20-36-37; 131, 13-14; Is 9, 7; 54, 9-10; 59, 20-21; 60, 15-18s; 62, 6; Jr 31, 21-26; 33, 17s; Ez 37, 21-26; Dn 2, 44.
· A Igreja é o Reino de Cristo: Lc 1, 33; Dn 2, 44.
· A cidade do grande Rei: Sl 47, 2.
· Seu descanso e sua habitação para sempre: Sl 131, 13-14.
· A casa de Deus vivo: 1Tm 3,15.
· O aprisco da qual Cristo é o pastor: Jo 10, 13.
· corpo da qual Cristo é a cabeça: Cl 1, 18; Ef 5, 23.
· A esposa da qual é o esposo: Ef 5, 31-32.
· Está sempre sujeita a Ele e sempre amada e fiel para com Ele: Ef 5, 24.
· Sempre amada e querida dEle: Ef 5, 25-29.
· E unida a Ele por uma união indissolúvel: Ef 5, 31-32.
· A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade: 1Tm 3, 15.
· O pacto de Deus com Ela é uma pacto de paz: Ez 37, 26.
· Pacto confirmado por um juramento solene, imutável como aquele que fez com o Patriarca Noé: Is 54, 9.
· Como o que fez com o dia e com a noite por todas as gerações: Jr 33, 20-21.
· Deus será sua eterna luz: Is 60, 18-19.
· Todos os que se juntarem contra Ela cairão, e a nação que a não queira servir perecerá: Is 60, 12-15-17.
· A Igreja é sempre uma: Ct 6, 9; Jo 10, 16; Ef 2, 23; Mq 4, 12; Mt 5, 14.
· Estende-se por toda a parte e ensina um grande número de nações: Sl 2, 8; 21, 28; Is 49, 6; 54, 1-3; Dn 2, 35-44; Ml 1, 11s.
· A Igreja é infalível em matéria de fé, é uma conseqüência das promessas divinas que lhe têm sido feitas; vide em particular: Mt 16, 18; 28, 19-20; Jo 14, 16-17-26; 16, 13; 1Tm 3, 14-15; Is 35, 8; 54, 9-10;


Imagens

· Recomendadas por Deus: Ex 25, 18s; Nm 21, 8-9.
· Colocada dos dois lados do propiciatório no Tabernáculo: Ex 37, 7.
· E no templo de Salomão: 2Cr 3, 10-11; 3Rs 6, 23.
· E isto por um mandamento divino: 1Cr 28, 18.
· Veneração relativa às imagens de Jesus Cristo e dos Santos autorizada: Hb 11, 21; vide também: 2Rs 6, 12-16; 2Cr 5, 2s; Sl 98, 5; Fl 2, 10.


Indulgências

· Poder de as conceder Mt 16, 18-19.
· Uso deste poder: 2Cor 2, 6-8-10.


Inferno

· Eternidade das penas: Mt 3, 12; 25, 41-46; Mc 9, 43-46-48; Lc 3, 17; 2Ts 1, 7-9; Jd 6-7; Ap 14, 10-11; 20, 10; vide igualmente: Is 33, 14.


Jejum

· É recomendado na Escritura: Jl 2, 12.
· Praticado pelos servos de Deus: Esd 8, 23; 2Esd 1, 4; Dn 10, 3-7-12s.
· Leva Deus a usar de misericórdia: Jn 3, 5s.
· É de grande eficácia contra demônio: Mc 9, 28.
· Deve ser observado por todos os filhos de Jesus Cristo: Mt 9, 15; Mc 2, 10; Lc 5, 35; vide também: At 13, 3; 14, 22; 2Cor 6, 5; 11, 27.
· Jejum de Jesus de quarenta dias: Mt 4, 2.


Livre arbítrio

· Gn 7; Dt 30, 19; Eclo 15, 14.
· Resiste freqüentemente à graça de Deus: Pr 1, 24s; Is 5, 4; Ez 18, 23-31-32; 33, 11; Mt 23, 37; Lc 13, 34; At 7, 51; Hb 12, 15; 2Pd 3, 9; Ap 20, 4.


Matrimônio

· Sacramento representando a união de Jesus Cristo e da Igreja: Ef 5, 32; vide igualmente: 1Ts 4, 3-5.
· O casamento não deve ser dissolvido senão por morte: Gn 2, 21; Mt 19, 6; Mc 10, 11-12; Lc 16, 18; Rm 7, 2-3; 1Cor 7, 10-11-39.



Missa

· O sacrifício da Missa figurado antecipadamente: Gn 19, 18.
· Predito: Ml 1, 10-11.
· Instituído e celebrado pelo próprio Jesus Cristo: Lc 22, 19-20.
· Atestado: 1Cor 10, 16-18-21; Hb 13, 10.


Mulheres

· Não devem pregar nem ensinar: 1Cor 14, 34-35-37; 1Tm 2, 11-12.


Obras (boas)

· As boas obras meritórias: Gn 4, 7; Sl 17, 21-23-24; 18, 8-11; Mt 5, 11-12; 10, 42; 16, 27; 1Cor 3, 8; 2Tm 4, 8.


Orações

· Pelos defuntos: 2Mc 12, 43s.


Ordens (Sacras)

· Foram instituídas por Jesus Cristo: Lc 22, 19; Jo 20, 22-23.
· Conferidas pela imposição de mãos: At 6, 6; 13, 3; 14, 22.
· Dão graças: 1Tm 4, 14; 2Tm 1, 6.


Papa ou Bispo

· Chefe dos outros bispos; São Pedro foi elevado a esta dignidade pelo próprio Jesus Cristo: Mt 16, 18-19; Lc 22, 31-32; Jo 21, 15-17s; vide igualmente: Mt 10, 2; At 5, 29; Gl 2, 7-8.


Pecado original

· Jó 14, 4; Sl 50, 7; Rm 5, 12-15-19; 1Cor 15, 21-22; Ef 2, 3.


Purgatório

· Purgatório ou estado médio das almas, sofrendo por certo tempo em expiação de seus pecados; é provado por numerosos textos da Escritura que afirmam que Deus pagará a cada um segundo as suas obras, de tal sorte que aqueles que morrem estando culpados mesmo das menores faltas, não escapam do castigo. Quanto a isso vide também: Mt 12, 32; Ap 21, 27; assim como: Mt 5, 25-26; 1Cor 3, 13-15; 1Pd 3, 18-20; 2Mc 12, 45.


Relíquias Milagrosas

· 4Rs 13, 4-20-21; Mt 9, 21-29; At 9, 11-12.


Santos

· Os Santos deixaram este mundo, socorrem-nos por suas orações: Lc 16, 9; 1Cor 12, 2; Ap 5, 8.
· Estamos em comunhão com eles: Hb 12, 22-23.
· Têm um poder sobre as nações: Ap 2, 26-27; 5, 10.
· Sabe o que se passa entre nós: Lc 15, 10; 1Cor 13, 12; 1Jo 3, 2.
· Estão, pois, com Cristo no céu antes da ressurreição geral: 2Cor 5, 1-6-8; Fl 1, 23-24; Ap 4, 4; 6, 9; 7, 9-15s; 14, 1-3-4; 19, 1-4-6; 20, 4.
· Quanto à sua invocação convém consultar os textos citados a respeito dos anjos, ou os que, mostrando o grande poder que têm para com Deus as orações dos seus servos, nos autorizam por isto mesmo a implorar suas orações; para isso vide: Ex 31, 11-14.


Tradições Apostólicas

· 1Cor 11, 2; 2Ts 2, 5-14; 3, 6; 2Tm 1, 13; 2, 2; 3, 14; vide também: Dt 32, 7; Sl 19, 5-7.


Virgem Maria (a Bem-Aventurada)

· Sua dignidade: Lc 1, 28-42-43.
· Todas as gerações dos verdadeiros cristãos a chamarão bem-aventurada: Lc 1, 48.
· Quanto aos direitos que tem de ser venerada e invocada vide o que está dito a respeito dos anjos e santos.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Hino Pontifício

Segue abaixo um histórico do Hino Pontifício, bem como um vídeo do mesmo e sua letra.

Costumo dizer, talvez com um pouco de exagero, que é o "Hino Nacional" de todo católico.

Aprecio sobremaneira esse Hino e sou muito grato aos Arautos do Evangelho que o divulgaram em seus CD's de canto sacro. Eu não o conhecia e lamento que o mesmo não receba atenção dos inúmeros "ministérios" de música existentes atualmente.

Sua letra tem uma força impressionante. Tem fé verdadeira emanando de cada estrofe.

Qual católico no front de batalha hoje, sob o pontificado do estupendo Bento XVI, não se sente realmente reconfortado ao cantar: A voz de Pedro na tua o mundo escuta, conforto e escudo de quem combate e luta.

Quantos não são os combates de hoje em nossas dioceses, paróquias, comunidades e até mesmo dentro das famílias, em que muitas vezes nos sentimos sós, cansados de tanto nadar contra a correnteza? E vemos o Santo Padre também combatendo, quase sozinho, contra inimigos muito maiores e mais fortes, e com uma força e vitalidade que só pode vir do Paráclito, erguendo a sua voz, sem medo de cara feia, sem medo dos lobos, proclamando a Verdade, proclamando Cristo, contra todo erro e todo mal!

Sua melodia é instigante. Impossível para qualquer católico "de sangue latino", daqueles que estão sempre combatendo o bom combate, permanecer impassível quando o escuta. Mais ainda quando se ouve sua execução pelos Arautos do Evangelho, em marcha como soldados. É de inflamar qualquer alma católica!



O Hino Pontifício

Fonte: Santa Sé

No ano de 1950, por ocasião do Ano Santo, Sua Santidade Papa Pio XII decidiu que a Marcha Pontifícia de Charles Gounod (1818-1893) tornaria-se o hino oficial do Vaticano, executado pela primeira vez como hino oficial em 24 de dezembro de 1949. A Marcha Pontifícia, como era chamada pelo próprio autor (e de acordo com alguns também conhecida como Marcha Religiosa), assumiu o novo título Hino Pontifício, substituindo o antigo hino composto por Vitorino Hallmayr, em 1857, no estilo da época. Gounod, um homem de profunda fé, havia composto o hino por ocasião do Jubileu Sacerdotal de Sua Santidade, o Papa Pio IX. O hino foi executado pela primeira vez na presença do Pontífice, em 11 de abril de 1869, interpretada por 7 bandas militares na Basílica de São Pedro.





Ó Roma eterna dos mártires, dos santos!
Ó Roma eterna acolhe nossos cantos!

Glória no alto ao Deus de Majestade,
Paz sobre a Terra, Justiça e Caridade.

A Ti corremos, Angélico Pastor,
Em Ti nós vemos o Doce Redentor.

A voz de Pedro na tua o mundo escuta,
Conforto e escudo de quem combate e luta.

Não vencerão as forças do inferno,
Mas a verdade que é o doce amor fraterno.

Salve, salve Roma! É eterna tua história!
Cantam-nos tua glória monumentos e altares!

Roma dos Apóstolos, Mãe e mestra da verdade!
Roma, toda Cristandade, o mundo espera em Ti!

Salve, salve Roma! O Teu Sol não tem poente!
Vence, refulgente, todo erro e todo mal!

Salve o Santo Padre, vivas tanto ou mais que Pedro!
Desça, qual mel do rochedo, a benção paternal!


Entrevista com a Dra. Alice Von Hildebrand

Fonte: O Atanasiano Ultrapapista

Dra. Alice von Hildebrand é esposa do falecido filósofo e teólogo católico Dietrich von Hildebrand, que foi chamado por Pio XII de "doutor da Igreja do século XX".


* * * *

A conversa a seguir com Dra. Alice Von Hildebrand abre nossa discussão para o foco desta edição: A Crise na Igreja – Cenários para uma Solução. Dra. Von Hildebrand, professora emérita de filosofia de Hunter College (City University of New York), acabara de completar The Soul of a Lion, uma biografia de seu marido, Dietrich.



TLM: Dra. von Hildebrand, no tempo em que o Papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano Segundo, a senhora percebeu qualquer necessidade de reforma dentro da Igreja?

AVH: A maior parte da intuição sobre isso vem do meu marido. Ele sempre disse que os membros da Igreja, devido aos efeitos do pecado original e do pecado atual, se encontram sempre com necessidade de reforma. O ensinamento da Igreja, porém, vem de Deus. Nenhum acento deve ser modificado ou necessita de reforma.


TLM: Em termos da crise atual, quando a senhora percebeu que algo estava terrivelmente errado?

AVH: Era fevereiro de 1965, e estava num ano sabático em Florença. Meu marido estava lendo um jornal teológico, e de repente, ouvi-o desatar em lágrimas. Corri até ele, temerosa de que seu coração houvesse lhe causado dores. Perguntei-lhe se estava bem. Ele me disse que o artigo que lia lhe fez intuir que o demônio havia penetrado na Igreja. Veja, meu marido foi o primeiro alemão proeminente a se pronunciar publicamente contra Hitler e o Nazismo. As suas intuições eram sempre prescientes.


TLM: Seu marido tinha falado sobre seu temor pela Igreja antes desse incidente?
AVH: Relato na biografia do meu marido, "The Soul of a Lion", que poucos anos após sua conversão ao Catolicismo nos anos vinte, ele começou a ensinar na Universidade de Munique. Munique era uma cidade católica. Maioria dos Católicos da época ia às Missas, mas ele sempre disse que foi ali que ele começou a se preocupar com a perda do sentido de sobrenatural entre os Católicos. Um incidente em especial lhe ofereceu suficiente prova e isso o entristecia imensamente.

Quando passava por uma porta, meu marido sempre deixava passar primeiro seus alunos que eram sacerdotes. Um dia, um dos seus colegas (um Católico) expressou sua surpresa e desagrado: “Por que você deixa seus alunos entrar antes de você?” “Porque são sacerdotes”, respondeu meu marido. “Mas eles não possuem PhD”. Meu marido se sentiu arrasado. Valorizar PhD é uma reação natural; estar ciente da sublimidade do sacerdócio é uma reação sobrenatural. A atitude daquele professor provava que a sua reação para o sobrenatural havia erodido. Isso foi muito antes do Vaticano II. Mas até Concílio, a beleza e a sacralidade da liturgia Tridentina mascarava esse fenômeno.


TLM: Seu marido achava que o declínio do sentido do sobrenatural havia comecado nessa época, e no caso afirmativo, como ele o explicava?

AVH: Não, ele acreditava que após a condenação da heresia do Modernismo pelo Papa Pio X, seus proponentes simplesmente havia se retirado para subsolo. Ele diria que então eles tomaram uma abordagem muito mais sutil e prática. Espalhavam dúvidas simplesmente levantando questões sobre as grandes intervenções sobrenaturais através da história da salvação, tais como Nascimento Virginal e virgindade perpétua de Nossa Senhora, bem como a Ressurreição e a Sagrada Eucaristia. Eles sabiam que uma vez abalada a fé – a fundação – a liturgia e os ensinamentos morais da Igreja também desmoronariam. Meu marido intitulou um dos seus livros The Devastated Vineyard (A Vinha Devastada). Após Vaticano II parece que um tornado havia atingido a Igreja.

O próprio Modernismo era fruto de calamidade do Renascimento e da Revolta Protestante, e levou um longo processo histórico para se revelar. Se fôssemos perguntar a um Católico típico da Idade Média o nome de um herói ou heroína, ele certamente citaria um santo. O Renascimento começou a mudar isso. Ao invés de um santo, as pessoas pensariam num gênio como pessoas a imitar, e com a chegada da era industrial, as pessoas citariam um grande cientista. Hoje elas responderiam com o nome de um esportista ou personagens da mídia. Em outras palavras, a perda do sentido do sobrenatural trouxe a inversão da hierarquia de valores.

Mesmo o pagão Platão estava aberto para o sentido do sobrenatural. Ele falou da fraqueza, fragilidade e covardia freqüentemente evidenciadas na natureza humana. Ele foi indagado por um crítico do porquê de tal baixa estima sobre a humanidade. Ele respondeu que não denegria o homem, apenas comparava-o a Deus.

Com a perda do sentido de sobrenatural, há uma perda do sentido da necessidade para o sacrifício, hoje. Quanto mais alguém se aproxima de Deus, maior é a sua consciência de ser pecador. Quando mais alguém se afasta de Deus, como hoje, mais escutamos a filosofia da nova era “Estou bem, Você está bem”. A perda da inclinação para o sacrifício leva ao obscurecimento da missão redentora da Igreja. Onde a Cruz é subestimada a nossa necessidade de redenção é igualmente ignorada. A aversão ao sacrifício e redenção ajudou a secularização da Igreja do seu interior. Temos ouvido durante muitos anos dos sacerdotes e bispos sobre a necessidade da Igreja se adaptar ao mundo. Grandes Papas como S. Pio X disseram exatamente o oposto: o mundo deve se adaptar à Igreja.


TLM: Da nossa conversa, devo concluir que a senhora não acredita que a perda acelerada do sentido do sobrenatural seja um acidente no percurso da história.

AVH: Não, não acredito. Houve dois livros publicados na Itália nestes anos que confirmam o que meu marido suspeitava há algum tempo: que tem havido uma infiltração sistemática da Igreja pelos inimigos diabólicos por todo este século. Meu marido foi um homem muito esperançoso e otimista por natureza. Durante os dez últimos anos de sua vida, porém, testemunhei muitos momentos de grande tristeza, e freqüentemente o ouvi repetir: “Eles dessacralizaram a Santa Esposa de Cristo”. Ele estava se referindo à “abominação da desolação” da qual fala o profeta Daniel.


TLM: Esta é uma admissão crítica, Dra. von Hildebrand. Seu marido foi chamado Doutor da Igreja do Século XX pelo Papa Pio XII. Ele não teria acesso ao Vaticano para falar dos seus temores para o Papa Paulo VI?

AVH: Mas foi exatamente o que ele fez! Nunca esquecerei a audiência privada que tivemos com Paulo VI logo antes do fim do Vaticano II. Foi em 21 de junho de 1965. Assim que meu marido começou a apelar para que ele condenasse as heresias que estavam se espalhando, o Papa o interrompeu com as palavras, “Lo scriva, lo scriva.” (“Escreva-o.”). Momentos depois, pela segunda vez, meu marido expôs a gravidade da situação ao Papa. A mesma resposta. Sua Santidade nos recebeu em pé. Estava claro que o Papa se sentia muito inconfortável. A audiência durou apenas alguns minutos. Paulo VI deu imediatamente um sinal ao seu secretário, Pe. Capovilla, para nos trazer rosários e medalhas. Nós então retornamos à Florença onde meu marido escreveu um longo documento (não publicado até hoje) que foi entregue a Paulo VI na véspera da última sessão do Concílio. Era setembro de 1965. Após ler o documento de meu marido, ele disse ao sobrinho do meu marido, Dieter Sattler, que havia se tornado embaixador alemão da Santa Sé, que havia lido o documento cuidadosamente, mas que “era um pouco áspero”. A razão era óbvia: o meu marido havia humildemente solicitado uma clara condenação de afirmações heréticas.


TLM: A senhora percebe, certamente, Doutora, que tão logo a senhora menciona essa idéia da infiltração, haverá aqueles que levantam seus olhos em desdém e bradam, “ei, outra teoria de conspiração!?”

AVH: Eu só posso dizer o que sei. É uma questão de registro público, por exemplo, que Bella Dodd, uma ex-Comunista que se re-converteu à Igreja, falou abertamente da deliberada infiltração dos agentes do partido Comunista nos seminários. Ela contou ao meu marido e a mim que quando era membro ativo do partido, se encontrou com não menos que quatro cardeais dentro do Vaticano, “que trabalhavam para nós”.

Muitas vezes ouvi os norte-americanos dizerem que os europeus “cheiram conspiração onde quer que vão”. Mas desde o início, o Demônio tem conspirado contra a Igreja – e sempre procurou em particular destruir a Missa e destruir a fé na Real Presença de Cristo na Eucaristia. Que algumas pessoas estejam tentadas a ignorar esse fato inegável não é razão para negar sua realidade. Por outro lado, eu, nascida européia, estou tentada a afirmar que muitos americanos são ingênuos; vivendo num país que tem sido abençoado pela paz, e conhecendo pouco a história, são mais propensos que os europeus (cuja história é tumultuada) a cair vítimas de ilusões. Rousseau tem tido enorme influência nos Estados Unidos . Quando Cristo disse aos Seus apóstolos na Última Ceia que “um de vós Me trairá”, os apóstolos ficaram perplexos. Judas havia agido de tal modo que ninguém suspeitava dele, pois um conspirador astuto sabe como cobrir seus traços com uma demonstração de ortodoxia.


TLM: Os dois livros escritos pelos sacerdotes italianos que a senhora mencionou contêm evidências dessa infiltração?

AVH: Os dois livros que mencionei foram publicados em 1998 e 2000 pelo sacerdote italiano, Don Luigi Villa da diocese de Brescia, que sob a solicitação do Padre Pio dedicou muitos anos de sua vida na investigação da possível infiltração dos Franco-maçons e Comunistas na Igreja. Meu marido e eu encontramos Don Villa nos anos sessenta. Ele alega que não faz nenhuma afirmação que não possa comprovar. Quando Paulo Sesto Beato? (1998) foi publicado, o livro foi enviado a cada bispo italiano. Nenhum deles reconheceu o recebimento, nenhum deles desafiou as alegações de Don Villa.

Neste livro, ele relata algo que nenhuma autoridade eclesiástica refutou nem pediu para ser retratado – embora ele nomeie personalidades particulares acerca do incidente.. Trata de atrito entre Papa Pio XII e o então Bispo Montini (o futuro Paulo VI) que era seu Sub-secretário do Estado. Pio XII, ciente da ameaça do Comunismo, que logo após a Segunda Guerra Mundial dominava quase a metade da Europa, havia proibido os funcionários do Vaticano a manter qualquer relação com Moscou. Para sua decepção ele foi informado um dia através do Bispo de Upsala (Suécia) de que sua ordem estrita havia sido contrariada. O Papa se negou a dar crédito a esse rumor até receber evidência inegável de que Montini mantinha correspondência com várias agências Soviéticas. Durante todo esse tempo, o Papa Pio XII (assim como Pio XI) havia enviado sacerdotes clandestinamente à Rússia para consolar os Católicos que viviam atrás da Cortina de Ferro. Cada um deles havia sido sistematicamente preso, torturado e mesmo executado ou enviado ao Gulag. Finalmente um delator de Vaticano foi descoberto: Alighiero Tondi, S.J., que era um conselheiro próximo de Montini. Tondi era um agente trabalhando para Stalin cuja missão era manter Moscou informado sobre as iniciativas tais como o envio de sacerdotes para a União Soviética.

Acrescente-se a isso o tratamento do Papa Paulo ao Cardeal Mindszenty. Contra sua vontade, Mindszenty foi ordenado pelo Vaticano a deixar Budapeste. Como quase todos sabem, ele havia escapado dos Comunistas e buscou refúgio na embaixada norte-americana. O Papa havia lhe dado sua promessa solene de que ele permaneceria primado de Hungria enquanto vivesse. Quando o Cardeal (que foi torturado pelos Comunistas) chegou em Roma, Paulo VI abraçou-o calorosamente, mas depois o enviou em exílio para Viena. Logo depois, seu santo prelado foi informado que havia sido destituído e que havia sido substituído por alguém mais aceitável pelo governo Húngaro Comunista. Mais intrigante e tragicamente triste é o fato de que quando morreu Mindszenty, nenhum representante da Igreja esteve presente no seu enterro.

Outra das alusões de infiltração de Don Villa é aquela relatada pelo Cardeal Gagnon. Paulo VI havia solicitado ao Gagnon para encabeçar uma investigação acerca da infiltração da Igreja pelos inimigos poderosos. Cardeal Gagnon (na época um Arcebispo) aceitou essa tarefa desagradável e compeliu um longo dossiê, rico em fatos preocupantes. Quando o trabalho foi completado, ele solicitou uma audiência com o Papa Paulo a fim de deliberar pessoalmente o manuscrito para o Pontífice. Essa solicitação para um encontro foi negada. O papa enviou ordem para que o documento fosse colocado nos escritórios da Congregação para os Clérigos, especificamente num cofre com dupla fechadura. Isso foi feito, mas no dia seguinte a caixa foi arrombada e o manuscrito desapareceu misteriosamente. A política usual do Vaticano é se assegurar que tais incidentes nunca vejam a luz do dia. Entrementes, esse roubo foi noticiado até no L’Osservatore Romano (talvez sob pressão porque isso não foi noticiado na imprensa secular). Cardeal Gagnon, logicamente, possuíam uma cópia, e novamente solicitou ao papa uma audiência privada. Novamente sua solicitação foi negada. Ele então decidiu deixar Roma e retornar a sua terra natal, Canadá. Mais tarde, foi chamado de volta a Roma pelo Papa João Paulo II e feito cardeal.


TLM: Por que Don Villa escreveu essas obras tendo como alvo de suas críticas Paulo VI?

AVH: Don Villa se manteve relutante para publicar os livros aos quais aludi. Mas quando vários bispos começaram a se movimentar para a beatificação de Paulo VI, esse sacerdote percebeu que era um momento de chamada para publicar as informações que havia coletado através dos anos. Assim fazendo, estava seguindo as orientações de uma Congregação Romana, informando aos fiéis que era seu dever como membros da Igreja confiar à Congregação qualquer informação que possa obstruir as qualificações do candidato para a beatificação.

Considerando o pontificado tumultuoso de Paulo VI, e os sinais confusos que fornecia, por exemplo, falando da “fumaça de Satanás que penetrou na Igreja”, e, entretanto, se recusando a condenar oficialmente as heresias; a sua promulgação de Humanae Vitae (a glória do seu pontificado), porém, sua cuidadosa recusa em proclamá-la ex-cathedra; oferecendo seu Credo do Povo de Deus em Praça S. Pedro em 1968, e novamente fracassando em declará-lo como unificador de todos os Católicos; desobedecendo as ordens estritas de Pio XII em não manter contato com Moscou, e agradando o governo Comunista Húngaro ao renegar a promessa solene que havia feito ao Cardeal Mindszenty; seu tratamento com relação ao santo Cardeal Slipyj, que passou dezessete anos num Gulag, simplesmente para se tornar um prisioneiro virtual no Vaticano; e finalmente, solicitando ao Arcebispo Gagnon para investigar possível infiltração no Vaticano, apenas para recusá-lo para uma audiência quando o trabalho estava completo – tudo isso fala fortemente contra a beatificação de Paulo VI, ecoando em Roma, “Paolo Sesto, Mesto” (Paul VI, o triste).

Que o dever de publicar essa informação deprimente foi oneroso e custou grande sofrimento ao Don Vila é inegável. Qualquer Católico rejubila quando ele pode levantar os olhos e contemplar com veneração irrestrita um Papa. Mas os Católicos sabem também que embora Cristo não tenha prometido conceder líderes perfeitos, prometeu que os portões do inferno nunca prevaleceriam. Não esqueçamos que muito embora a Igreja tivesse alguns papas muito ruins, e outros, medíocres, ela tem sido abençoada com muitos grandes Papas. Oitenta deles foram canonizados e vários, beatificados. Esta é uma história de sucesso sem paralelo no mundo secular.

Somente Deus é juiz de Paulo VI. Mas não se deve negar que seu pontificado foi muito complexo e trágico. Foi sob seu pontificado que, num curso de quinze anos, mais mudanças foram introduzidas na Igreja que em todos os séculos precedentes juntos. O que é preocupante é que quando lemos o testemunho de ex-Comunistas como Bella Dodd, e estudamos documentos maçônicos (datados do século dezenove, e geralmente escritos por sacerdotes dissidentes como Paul Rocca), podemos ver que, em larga extensão, suas agendas foram realizadas: o êxodo de sacerdotes e freiras após o Vaticano II, teólogos dissidentes não censurados, o feminismo, a pressão sobre a Roma para abolir o celibato sacerdotal, imoralidade entre os clérigos, liturgias blasfemas, as mudanças radicais que foram introduzidas na sagrada liturgia (vide Milestones do Cardeal Ratzinger, pp. 126 e 148, Ignatius Press) e um ecumenismo sem rumo. Apenas um cego poderia negar que muitos dos planos do Inimigo têm sido perfeitamente realizados.

Não devemos nos esquecer que o mundo foi abalado com o que fez Hitler. Pessoas como meu marido, porém, perceberam o que estava de fato escrito em Mein Kampf. O plano estava ali. O mundo simplesmente optou por não acreditar. Porém, quão grave esteja a situação, nenhum Católico engajado deve esquecer que Cristo prometeu que Ele estará com Sua Igreja até o fim do mundo. Devemos meditar sobre a cena relatada no Evangelho quando o barco dos apóstolos foi ameaçado por uma forte tempestade. Cristo estava dormindo! Seus seguidores assustados O acordaram: Ele disse uma única palavra e, de repente, tudo se acalmou. “Ó vós, que tendes pouca fé!”


TLM: Segundo suas observações sobre ecumenismo, a senhora não concorda com a política atual de “convergência” ao invés de “conversão”?

AVH: Deixe-me relatar um incidente que causou grande pesar ao meu marido. Era 1946, logo depois da guerra. Meu marido lecionava em Fordham, e ali apareceu numa de suas aulas um estudante Judeu que havia sido um oficial da Marinha durante a guerra. Ele eventualmente contaria ao meu marido sobre um pôr-do-sol extraordinário no pacífico e como isso fê-lo se aproximar da verdade sobre Deus. Primeiro ingressou na Columbia para estudar filosofia, e ele descobriu que isso não era o que procurava. Um amigo lhe sugeriu tentar a filosofia na Fordham e mencionou o nome de Dietrich Von Hildebrand. Depois de apenas uma aula com meu marido, descobriu o que buscava. Um dia, após a aula, meu marido e seu aluno foram dar uma caminhada. Ele disse ao meu marido na ocasião que estava surpreso com o fato de que vários professores, após descobrir que ele era Judeu, asseguraram-lhe que não tentariam convertê-lo ao Catolicismo. Meu marido, estupefato, parou, voltou-se para ele e disse, “Eles disseram o quê?!” O aluno repetiu a história e meu marido lhe disse, “Iria até o fim do mundo para transformá-lo num Católico”. Para resumir a longa história, o jovem se tornou um Católico, foi ordenado sacerdote Católico e ingressou na única Casa dos Cartuchos nos Estados Unidos (em Vermont)!


TLM: A senhora passou muitos anos lecionando em Hunter College.

AVH: Sim, e vários dos meus alunos se tornaram Católicos. Oh, quantas e belas histórias de conversão poderia relatar se tivesse tempo – jovens que foram arrebatados pela verdade! Eu gostaria, entretanto, de deixar claro um ponto.. Não converti meus alunos. O máximo que podemos fazer é rezar para sermos instrumentos de Deus. Para sermos instrumentos de Deus, devemos nos esforçar para viver diariamente o Evangelho em todas as circunstâncias. Apenas a graça de Deus pode nos conceder o desejo e capacidade para tanto.

Eis um dos temores que tenho em relação aos Católicos tradicionais. Algum flerte com o fanatismo. Um fanático é aquele considera a verdade sua posse ao invés de dom de Deus. Somos servos da verdade, e é como servos que devemos procurar partilhá-la. Estou ciente de que há Católicos fanáticos que usam a Fé e a Verdade que proclamam como um instrumento intelectual. Uma autêntica apropriação da verdade sempre leva ao esforço para a santidade. A Fé, nesta crise atual, não é um jogo de xadrez intelectual. Para aqueles que não se esforçam para a santidade, a fé se reduzirá a isso. Tais pessoas fazem mais mal à Fé, particularmente se estes são defensores da Missa tradicional.


TLM: Então a senhora acha que o único cenário para uma solução da crise atual é a renovação de um esforço para a santidade?

AVH: Não devemos nos esquecer que estamos lutando não apenas contra carne e sangue, mas contra “poderes e principados”. Isso deveria nos provocar suficiente temor para esforçarmo-nos mais que nunca para a santidade, e orar fervorosamente que a Santa Esposa de Cristo, que se encontra agora no Calvário, saia dessa terrível crise mais radiante que nunca. A resposta Católica é sempre a mesma: absoluta fidelidade aos santos ensinamentos da Igreja, fidelidade à Santa Sé, freqüente recepção de sacramentos, Rosário, leitura espiritual diária, e gratidão por termos recebido a plenitude da revelação de Deus: “Gaudete, iterum dico vobis, Gaudete.”


TLM: Não posso terminar a entrevista sem fazer à senhora uma pergunta já um tanto desgastada. Há críticos da antiga Missa latina que indicam que a crise na Igreja se desenvolveu no tempo em que a Missa era oferecida no mundo inteiro. Por que deveríamos achar que o seu retorno é intrínseco para a solução da crise?

AVH: O demônio odeia a antiga Missa. Ele a odeia porque é a mais perfeita reformulação de todos os ensinamentos da Igreja. Foi meu marido que me deu essa intuição sobre a Missa. O problema que provocou o crise atual não foi a Missa Tradicional. O problema é que os sacerdotes que a ofereciam já haviam perdido o sentido do sobrenatural e transcendente. Eles se apressavam em fazer as orações, murmuravam e não as enunciavam. Eis um sinal que introduziram à Missa com o seu crescente secularismo. A antiga Missa não permitia espaço para irreverência, e é por isso que muitos sacerdotes se sentiram felizes em se desvencilhar dela.


TLM: Obrigado, Dra. Von Hildebrand por esta oportunidade de conversar com a senhora.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

DESABAFO

Segue um justo desabafo de Rafael Vitola Brodbeck, a qual eu subscrevo integralmente.

Até quando teremos que aturar tantas afrontas ao Evangelho de Nosso Senhor e ao Magistério de Sua Igreja?

Até quando o Santo Sacrifício da Missa será profanado?

Até quando heresias serão pregadas impunemente nos púlpitos das igrejas?

Até quando?


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DESABAFO

Por Rafael Vitola Brodbeck
Até quando teremos que aturar padres sem batina ou sem clergyman? Sacerdotes que, em vez de ostentar sua incorporação a Cristo pelo sacramento da Ordem, escondem-se do povo, disfarçando-se de leigos?

Até quando teremos que aturar Missas que em nada nos indicam seu caráter ontologicamente sacrifical? Palmas ritmadas acompanhando músicas de melodia, harmonia e ritmo absolutamente inadequados, com uma pobreza infantil nas letras? Manifestações desmedidas de alegria quase profana durante a atualização do Calvário? Padres que não vestem os paramentos corretos, sem casula, sem cíngulo, sem amito, substituindo-os por um simplório conjunto de túnica e estola? Clérigos, até Bispos, que desprezam o latim, o canto gregoriano, a polifonia sacra, o órgão, o incenso? Que identificam “Missa em latim” com o rito antigo? Que, ademais, têm como que um ódio mortal a esse rito antigo, e mesmo ao novo celebrado de acordo com as rubricas? Sacerdotes e fiéis que preferem as passageiras e profanas novidades às sadias tradições? Que rechaçam as normas que chegam de Roma, e desobedecem descaradamente, fazendo celebrar a Missa do jeito que querem?

Até quando teremos que aturar procissões que mais parecem passeatas políticas? Bandeiras políticas no lugar nos estandartes das antigas confrarias? Discursos da moda em vez de um sermão sobre coisas espirituais?

Até quando teremos que aturar o Conselho Indigenista Missionário que não catequiza os índios? A Comissão Pastoral da Terra que, em vez de pregar a Doutrina Social da Igreja, insufla o MST e outros grupelhos comunistas safados a atacar a propriedade privada? A Pastoral da Juventude, que nada mais é do que célula avançada do PT e do PSOL nas fileiras de nossos grupos de jovens?

Até quando teremos que aturar o sumiço da teologia católica, destronada por uma péssima formação em nossos seminários, verdadeiras fábricas de comunistas? Que se preocupam mais em ensinar sociologia religiosa do que doutrina? Relativização da verdade do que autêntica filosofia? Bagunça na Missa do que liturgia correta? Boff do que Tomás de Aquino? Küng do que patrística? Teólogos duvidosos e politicamente corretos do que o Magistério?

Até quando teremos que aturar a troca da caridade pelo assistencialismo politicamente esquerdista? E as irmãs de caridade se converterem em assistentes sociais? E as irmãs contemplativas abandonarem seus conventos e afrouxarem no cumprimento da regra?

Até quando teremos que aturar a Campanha da Fraternidade nublando a Quaresma? Reflexões políticas em vez de práticas piedosas? Cânticos socialistas ao invés da clássica hinologia católica? Via Sacra sendo corrida por orações imbecis?

Até quando teremos que aturar os documentos que chegam de Roma serem ignorados ou distorcidos, enquanto análises de conjuntura e discursos vazios sobre a água, as florestas, os amigos, a paz, os coelhinhos e o arco-íris são promovidos em nossos púlpitos como se doutrina católica fossem?

Até quando teremos que aturar desobediências ao Papa promovidas por freiras, frades, padres, Bispos, e líderes do laicato?

Até quando teremos que aturar defesas do aborto, das práticas homossexuais, da Teologia da Libertação, do socialismo, da insubordinação, feitas por membros da Igreja?

Até quando teremos que aturar nossas lindas igrejas e altares serem profanados pela feiúra e pelo iconoclasmo?

Até quando teremos que aturar o sentimentalismo e o relativismo tomarem de assalto o lugar que era próprio da razão e da fé objetiva?

Até quando teremos que aturar a Fé Católica seqüestrada por quem deveria ser seu defensor?

Até quando?

Ocidente não tem direito de impor preservativo a africanos


Carta aberta de um grupo de estudantes camaroneses

ROMA, quarta-feira, 6 de maio de 2009 (ZENIT.org).- «Dizemos com firmeza nosso ‘não’ a este modelo cultural totalmente estranho a nossos valores e tradições, que nos está sendo imposto como determinante da melhoria de nossa vida.» Com estas palavras, um grupo de estudantes dos Camarões divulgou na Europa uma carta aberta, recebida pela Zenit, contra os ataques ao Papa por suas palavras sobre o preservativo, durante a viagem apostólica a Camarões e Angola no mês de março passado.

Nela, exige-se ao Diretor executivo do Fundo Mundial para a luta contra a AIDS, aos deputados belgas e aos ministros de Saúde espanhol, alemão e de Exterior francês, que «peçam perdão ao Papa e aos africanos».

Este grupo denuncia que a imprensa ocidental «instrumentalizou injustamente, em uma violenta campanha sabidamente orquestrada» as palavras do Papa, e que os ataques recebidos por este constituem «uma vergonhosa ingerência na realidade africana».

Os assinantes afirmam que os autores das críticas «identificaram o continente africano como um dos principais mercados de chegada dos preservativos para fazer crescer suas economias sociais. O jogo está claro: as indústrias do preservativo estão no Ocidente».

«O Santo Padre tocou na chave do problema, alarmando os agentes deste florescente negócio na África», acusam.

Para estes estudantes, utilizou-se o Papa como «bode expiatório» para «defender seus interesses econômicos ocultos após a exportação de suas práticas contraconceptivas a países com forte crescimento demográfico».

«Que promovam e defendam o uso do preservativo em sua casa, já que esta escolha corresponde às suas concepções antropológicas sobre o ser humano, mas não têm direito a impor suas escolhas aos africanos», acrescentam.

Especialmente, exigem ao Ocidente que «peça perdão aos africanos» por «enganá-los, apresentando-se como os verdadeiros benfeitores, quando na realidade não o são».

«De que serve proteger os africanos com o preservativo se depois os matam com tantos mecanismos de exploração ou com as armas pela guerra de interesses políticos e econômicos desses mesmos benfeitores?»

As pessoas na África «não morrem apenas de AIDS, e por isso é mentira dizer que o preservativo salva vidas humanas», acrescentam.

«Pedimos, portanto, a estes supostos benfeitores da África que deixem, de uma vez por todas, de especular com ela. É necessário inverter a tendência: a pobreza da África não deve fazer mais a riqueza dos países já desenvolvidos.»

Por último, os autores exigem ao Fundo para a luta contra a AIDS que destine os fundos com os quais conta «ao envio massivo de recursos para escavar poços de água e para construir implantes fotovoltaicos para a produção de energia solar, com o qual se favoreça uma distribuição massiva de água e luz».

«Estes são os bens essenciais e decisivos para a África, e todos os agentes da cooperação internacional ao desenvolvimento são muito conscientes disso. Esta é a ajuda humanitária que a África precisa para desenvolver-se, e não o preservativo», concluem.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

No descompasso da Igreja

Em dezembro de 2007 Dom Vilson Dias de Oliveira, bispo de Limeira, concedeu uma entrevista ao "Jornal de Limeira". Tomei conhecimento agora através do blog Fratres in Unum.

Embora já tenha mais de ano essa entrevista, gostaria de tecer alguns comentários aqui sobre os dizeres de Dom Vilson.

Nessa entrevista, entre outras coisas, ele foi questionado sobre a liberação da Missa Tridentina, a ordenação de mulheres e a Teologia da Libertação. Nos três casos o senhor bispo ou mentiu, ou omitiu, ou está completamente desinformado sobre o que acontece na Santa Igreja.

Sobre a Missa, afirma Dom Vilson: "O papa tentou responder para comunidades mais tradicionais. Na verdade, existem grupos no mundo hoje que têm essa linha tradicionalista, de poder rezar em latim. Acho que o papa tentou não desmerecer esse pessoal e deixou em aberto. Agora, isso não quer dizer que na Diocese de Limeira vai ter missa em latim. Diria que depois do Concílio (2º Concílio do Vaticano, em 1963), quando se celebraram as missas em português, as pessoas passaram a participar mais. Felizmente não temos esses grupos ultraconservadores na diocese. Eu não faria polêmica em torno dessa história. Rezamos na nossa língua e vamos continuar assim. Vamos ter missa em português e ponto final. Desde o Vaticano 2º houve muitos avanços".

Primeiro - foi um capricho dos reformadores liturgicos, e não do Concílio, a total liberação do vernáculo na liturgia, o que era para ser excessão virou regra. O Concílio na verdade mandou que se mantivesse o latim na Missa.

Segundo - sobre as intenções do Santo Padre ao publicar o Motu Proprio Summorum Pontificum, afirma o Cardeal Cañizares (prefeito da Congregação para o Culto Divino e antigo colaborador do Papa, a ponto de ser conhecido como "o pequeno Ratzinger") ao prefaciar o livro A Reforma de Bento XVI: "a vontade do Papa não foi unicamente satisfazer aos seguidores de Dom Lefebvre, nem limitar-se a responder aos justos desejos dos fiéis que se sentem ligados, por diversos motivos, à herança litúrgica representada pelo rito romano, mas também, e de maneira especial, abrir a riqueza litúrgica da Igreja A TODOS OS FIÉIS, tornando possível assim a descoberta dos tesouros do patrimônio litúrgico da Igreja a quem ainda o ignora. Quantas vezes a atitude dos que os menosprezam não é devida a outra coisa senão a este desconhecimento! Por isso, considerado a partir deste último aspecto, o Motu Proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos: ainda quando não houvesse nenhum “tradicionalista” a quem satisfazer, este “descobrimento” teria sido suficiente para justificar as disposições do Papa.

Será que é necessário acrescentar algo às palavras do Cardeal?

Em outro momento, e este é o mais grave, Dom Vilson se sai com essa sobre o sacerdócio feminino: "Agora, você vai dizer: "amanhã pode acontecer?". Pode ser, você tem que respeitar a caminhada da Igreja, o tempo. Por enquanto, a Igreja diz que não, por enquanto não posso levantar uma bandeira e dizer "faça isso". Eles olham a experiência do passado para olhar essa questão. Diria o seguinte: na América Latina, a mulher hoje participa muito mais, tem maior presença da Igreja, é mais engajada, mais participante. Ela não é só maior em número, ela tem maior participação nos ministérios da igreja".

Será que ele desconhece a Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, de João Paulo II?

Nela o Papa de venerável memória afirma: "Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja".

Por fim, Dom Vilson ainda faz um afago nessa praga dos infernos chamada Teologia da Libertação, que já foi devidamente condenana pela Santa Sé. Afirma ele que trata-se de uma teolgia como qualquer outra e quem tem seus méritos. E ainda contraria o óbvio ululante, contraria os fatos históricos ao afirmar que a Teologia da Libertação não ajudou a fundar o PT! Até os inglesas da "The Economist" sabem disso!

É no mínimo curiosos a maneira como Dom Vilson se comporta nesses três casos. Aquilo que o Papa libera, o bispo condena de forma taxativa: "Vamos ter missa em português e ponto final". Aquilo que os Papa condenam, o bispo leva em consideração: "a ordenação de mulheres é possível e a Teologia da Libertação tem seus méritos".

Dom Vilson parece seguir à risca o modo de agir da CNBB (conforme já escrevi aqui), que condena o que não precisa e é omissa ou ambígua com o que deveria condenar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Prefácio do Cardeal Cañizares

Publico abaixo o excelente prefácio escrito pelo Cardeal Cañizares para o livro "A Reforma de Bento XVI - a liturgia entre a inovação e a tradição".

Destaco as seguintes palavra do Cardeal: "[devemos todos] aproveitar o que o Santo Padre – quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger – escreveu sobre o tema, especialmente em seu belíssimo livro Introdução ao Espírito da Liturgia, enriquecer-se com o modo com que o Santo Padre – assistido pela Oficina das celebrações litúrgicas presidida pelo Mons. Guido Marini, e da qual é consultor o autor deste livro – celebra a liturgia. Estas liturgias pontifícias são exemplares para todo o orbe católico. "


Com efeito, Bento XVI está pondo à mostra todo o tesouro liturgico da Igreja. Só não vê esse tesouro quem precisamente não quer ver...

Deus nos deu a imensa graça de termos em momento oportuno um Papa apaixonado por liturgia, que zela por ela, que a celebra com todo o amor e dignidade. Aos poucos o Santo Padre está restaurando em suas celebrações paramentos, gestos, disposições do altar, entre outras coisas que tristemente foram se perdendo no tempo. Mais do que com palavras, ele está ensinando com seu próprio exemplo!










A edição espanhola do livro "A Reforma de Bento XVI" de don Nicola Bux é prefaciado pelo Cardeal Cañizares.









Prefácio do Cardeal Cañizares:


Desde a publicação deste livro até a presente edição espanhola não passaram mais que uns poucos meses. Todavia, a transcendência de certos fatos ocorridos neste lapso de tempo modificou enormemente o “clima” em torno de sua temática, especialmente pelo ambiente de controvérsia que se criou em razão do levantamento das excomunhões dos quatro bispos ordenados há vinte anos por Dom Lefebvre. Este gesto de misericórdia gratuita do Santo Padre para tornar possível a sua plena inserção eclesial, que demonstra com fatos que a Igreja não renega sua tradição, fez com que a “Missa Tradicional” acabe ligada a um problema disciplinar e, pior ainda, político.

Como consequência, existe o risco de uma desfiguração do sentido profundo do Motu Proprio de 7 de julho de 2007; um gesto de extraordinário sentido comum eclesial pelo qual se reconheceu o valor pleno de um rito que nutriu espiritualmente a Igreja Ocidental durante séculos.

Não há dúvida de que um aprofundamento e uma renovação da liturgia eram necessários.

Porém, com frequência, está não foi uma realização perfeitamente alcançada. A primeira parte da constituição Sacrosanctum Concilium não entrou no coração do povo cristão. Houve uma mudança nas formas, uma reforma, não, porém uma verdadeira renovação, tal e como pediam os Padres conciliares. Às vezes, mudou-se pelo simples gosto de mudar um passado percebido como totalmente negativo e superado, concebendo a reforma como uma ruptura e não como um desenvolvimento orgânico da tradição. Isto criou reações e resistências desde o princípio, que em alguns casos se concretizaram em posições e atitudes que levaram a soluções extremas, inclusive a ações concretas que implicavam penas canônicas. É urgente, entretanto, distinguir o problema disciplinar surgido de atitudes de desobediência de um grupo, do problema doutrinal e litúrgico.

Se cremos de verdade que a Eucaristia é realmente a “fonte e o ápice da vida cristã” – como nos recorda o Concílio Vaticano II – não podemos admitir que seja celebrada de um modo indigno. Para muitos, aceitar a reforma conciliar significou celebrar uma Missa que de um modo ou de outro devia ser “dessacralizada”. Quantos sacerdotes vimos ser tratados como “retrógrados” ou “anticonciliares” pelo simples fato de celebrarem de maneira solene, piedosa ou simplesmente por obedecerem cabalmente às rubricas! É peremptório sair desta dialética.

A reforma foi aplicada e principalmente vivida como uma mudança absoluta, como se se devesse criar um abismo entre o pré e o pós Concílio, em um contexto em que o termo “pré-conciliar” era usado como um insulto. Aqui também se deu o fenômeno que o Papa observa em sua recente carta aos bispos de 10 de março de 2009: “Às vezes se tem a impressão de que nossa sociedade tenha necessidade de um grupo, ao menos, com o qual não tenha tolerância alguma, o qual se pode atacar com ódio”. Durante este ano foi o caso, em boa medida, dos sacerdotes e fiéis ligados à forma de Missa herdada através dos séculos, tratados muitas vezes como “leprosos”, como dizia de forma contundente o então cardeal Ratzinger.

Hoje em dia, graças ao Motu Proprio, esta situação está mudando notavelmente. E em grande medida está acontecendo porque a vontade do Papa não foi unicamente satisfazer aos seguidores de Dom Lefebvre, nem limitar-se a responder aos justos desejos dos fiéis que se sentem ligados, por diversos motivos, à herança litúrgica representada pelo rito romano, MAS TAMBÉM, E DE MANEIRA ESPECIAL, ABRIR A RIQUEZA LITÚRGICA DA IGREJA A TODOS OS FIÉIS, TORNANDO POSSÍVEL ASSIM A DESCOBERTA DOS TESOUROS DO PATRIMÔNIO LITÚRGICO DA IGREJA A QUEM AINDA O IGNORA. Quantas vezes a atitude dos que os menosprezam não é devida a outra coisa senão a este desconhecimento! Por isso, considerado a partir deste último aspecto, o Motu Proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos: ainda quando não houvesse nenhum “tradicionalista” a quem satisfazer, este “descobrimento” teria sido suficiente para justificar as disposições do Papa.

Foi dito também que tais prescrições seriam um “atentado” contra o Concílio, isto, porém mostra um desconhecimento do mesmo Concílio, cuja intenção de dar a todos os fiéis a ocasião de conhecer e apreciar os múltiplos tesouros da liturgia da Igreja é precisamente o que desejou ardentemente esta magna assembleia: “O Sacrossanto Concílio, apegando-se fielmente à tradição, declara que a Santa Mãe Igreja atribui igual direito e honra a todos os ritos legitimamente reconhecidos e quer que no futuro sejam conservados e fomentados por todos os meios” (SC 4).

Por outro lado, estas disposições não são uma novidade; a Igreja sempre as manteve, e quando ocasionalmente não foi assim, as consequências foram trágicas. Não apenas foram respeitados os ritos do Oriente, mas também no Ocidente dioceses como Milão, Lyon, Colônia, Braga e diversas ordens religiosas conservaram pacificamente seus diversos ritos através dos séculos. Porém, o antecedente mais claro da situação atual é, sem dúvida, a Arquidiocese de Toledo. O Cardeal Cisneros usou de todos os meios para conservar como “extraordinário” na arquidiocese o rito moçárabe que estava em vias de extinção; não somente fez imprimir o Missal e o Breviário, como criou uma capela especial na Igreja Catedral, onde se celebra ainda hoje cotidianamente neste rito.

Esta variedade ritual não significou nunca, nem pode significar, diferença doutrinal, mas pelo contrário, põe em relevo uma profunda identidade de fundo. Entre os ritos atualmente em uso é necessário que se dê também esta mesma unidade. A tarefa atual, tal e como nos indica o presente livro de don Nicola Bux, é pôr em evidência a identidade teológica entre a liturgia dos diversos ritos que foram celebrados através dos séculos e a nova liturgia fruto da reforma, ou ainda, se esta identidade se houvesse desfigurado, recuperá-la.

A Reforma de Bento XVI é, pois, um livro rico em dados, reflexões e ideias, e dentre os múltiplos assuntos nele tratados gostaria de ressaltar alguns pontos:
O primeiro é acerca do nome com o qual chamar a esta Missa. O autor propões chamá-la, ao estilo oriental, “liturgia de São Gregório Magno”. É talvez melhor que dizer simplesmente “gregoriana”, pois pode prestar-se a um duplo equívoco (que poderia em todo caso evitar-se com a denominação “dâmaso-gregoriana”). Também é mais conveniente que “Missa tradicional”, onde o adjetivo corre o perigo de contaminar-se com uma carga ou bem polêmica ou bem “folclórica”; ou que “modo extraordinário”, que é uma denominação demasiadamente extrínseca. “Usus antiquior” tem o defeito de ser uma referência meramente cronológica.

Por outro lado, “usus receptus” seria muito técnico. “Missal de São Pio V” ou “do Beato João XXIII” são termos demasiadamente limitados. O único inconveniente é que no rito bizantino já há uma liturgia de São Gregório, Papa de Roma; a dos dons pré-santificados usado na quaresma.

Em segundo lugar, o fato de que o uso seja “extraordinário” não deve significar que deva ser usado somente por sacerdotes e fiéis que se ligam ao modo extraordinário. Como propõe o padre Bux, seria muito positivo que quem celebra habitualmente no modo “ordinário”, o faça também, extraordinariamente, no “extraordinário”. Trata-se de um tesouro que é herança de todos e ao qual, de uma maneira ou de outra, todos deveriam ter acesso. Por isso, poder-se-ia propor especialmente para ocasiões em que há alguma riqueza peculiar do antigo missal que se pode aproveitar (sobretudo se no outro calendário não há nada especialmente previsto): por exemplo, para o tempo da Septuagésima, para as quatro Têmporas ou para a Vigília de Pentecostes e, talvez, até no caso de certas comunidades especiais, tanto de vida consagrada como confrarias ou irmandades. A celebração “extraordinária” também seria de grande utilidade para os ofícios da Semana Santa, ao menos em alguns deles, pois todos os ritos conservam no Tríduo Sagrado cerimônias e orações que remontam a épocas mais antigas da Igreja.

Outro ponto que é necessário destacar é a atitude de Bento XVI; não constitui tanto uma novidade nem câmbio de rumo de governo, mas sim leva à sua concretização o que já João Paulo II havia empreendido como iniciativas tais como o documento papal Quattuor abhinc annos, a consulta à comissão de Cardeais, o Motu Proprio Ecclesia Dei e a criação da Comissão de mesmo nome, ou as palavras dirigidas à Congregação do Culto Divino (2003).

Algo que se deve urgentemente ter em conta é a repercussão ecumênica destas discussões; as críticas dirigidas ao rito recebido da tradição romana alcançam também a outras tradições e sobretudo a dos irmãos ortodoxos. Quase todos os ataques dos que se opõem à reintrodução do missal antigo são precisamente ataque aos lugares que temos em comum com os orientais! Um sinal que confirma este fato são as expressões positivas do recentemente falecido Patriarca de Moscou ao publicar-se o Motu Proprio.

Não é um dos aspectos menos importantes deste livro o fato de que nos ajude a tomar consciência dos diversos aspectos da situação em que nos encontramos atualmente. Nossa geração enfrenta grandes desafios em matéria litúrgica: ajudar toda a Igreja a seguir plenamente o que indicou o Concílio Vaticano II na constituição Sacrosanctum Concilium e o que o Catecismo da Igreja Católica diz sobre a liturgia, aproveitar o que o Santo Padre – quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger – escreveu sobre o tema, especialmente em seu belíssimo livro Introdução ao Espírito da Liturgia, enriquecer-se com o modo com que o Santo Padre – assistido pela Oficina das celebrações litúrgicas presidida pelo Mons. Guido Marini, e da qual é consultor o autor deste livro – celebra a liturgia. Estas liturgias pontifícias são exemplares para todo o orbe católico.

Por último, acrescento que seria de grande importância que tudo isto se expusesse com profundidade nos seminários como parte integrante da formação para o sacerdócio, para proporcionar um conhecimento teórico-prático das riquezas litúrgicas, não somente do rito romano, mas também, na medida do possível, dos diversos ritos do Oriente e do Ocidente, e assim criar uma nova geração de sacerdotes livres de preconceitos dialéticos.

Oxalá este valioso livro de don Nicola Bux sirva para conhecer melhor as intenções do Santo Padre e descobrir as riquezas da herança recebida e, desse modo, para iluminar-nos em nossa ação. Para isto, peçamos ao Senhor saber interpretar, como dizia Paulo VI, os “sinais dos tempos”.

+ Antonio, cardeal Cañizares




O Trabalho

Na semana passada escrevi aqui sobre a fatídica "Mensagem da CNBB para o Dia do Trabalhador", que condena a crise, os banqueiros, os empresários, etc., mas não trata daquilo que realmente importa.

Comparem com o artigo abaixo, de Dom Fernando Arêas Rifan, bispo da Adm. Apost. S. João Maria Vianney. Vejam quanta diferença entre o texto de uma instituição, a CNBB, que não tem visão sobrenatural, não tem seus olhos no céu, esquecem que o Reino de Cristo não é deste mundo, e as palavras de um bispo que fala aquilo que em primeiro lugar importa ao seu rebanho.

Dom Fernando fala de "harmonia entre classes", a CNBB incita a luta entre elas. Dom Fernando ensina o significado do trabalho antes e depois do pecado, a CNBB passa longe disso. Dom Fernando fala de santificação do trabalho, a CNBB sabe é que é santificação?

Enfim, nos resta rezar por nossos bispos. Por uns para que sejam perseverantes na Fé e em sua missão, por outros para que retornem à Fé e compreendam sua missão...

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O Trabalho


O mês de maio, mês de Maria, começou com a festa de São José operário. Desejoso de elevar o dia do trabalho, já mundialmente comemorado, e ajudar os trabalhadores a santificar o seu dia, o Papa Pio XII instituiu a festa de São José operário, modelo do trabalhador. São José, de origem nobre da Casa de Davi, ganhando a vida como simples carpinteiro, harmoniza bem a união de classes que deve existir em uma sociedade cristã, onde predominam a justiça e a caridade. Por isso, ele é o patrono dos trabalhadores.

O trabalho é obra de Deus. Deus, ao criar o homem, colocou-o no jardim do Éden para nele trabalhar. O trabalho existe, portanto, antes do pecado. Depois deste, passou a ter a conotação de penitência, pois adquiriu uma nota de dificuldade e o necessário esforço para desempenhá-lo: “Comerás o pão com o suor do teu rosto” (Gn 3,19).

Assim, o trabalho tem o aspecto natural necessário para o nosso sustento e o aspecto adicional de penitência, pois ele contraria nossa tendência, exacerbada pelo pecado, à preguiça e ao relaxamento. O trabalho é algo muito digno e nobre, seja ele qual for, desde que seja honesto e nos encaminhe para Deus, seu autor.

Em sua exortação apostólica Redemptoris Custos, sobre a figura e a missão de São José, o Papa João Paulo II fala sobre o trabalho como expressão do amor. “A expressão quotidiana deste amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. O texto evangélico especifica o tipo de trabalho, mediante o qual José procurava garantir a sustentação da Família: o trabalho de carpinteiro. Esta simples palavra envolve toda a extensão da vida de José. Para Jesus este período abrange os anos da vida oculta, de que fala o Evangelista, a seguir ao episódio que sucedeu no templo: «Depois, desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso» (Lc 2, 51). Esta submissão, ou seja, a obediência de Jesus na casa de Nazaré é entendida também como participação no trabalho de José. Aquele que era designado como o ‘filho do carpinteiro’, tinha aprendido o ofício de seu ‘pai’ adotivo. Se a Família de Nazaré, na ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as famílias humanas, é-o analogamente também o trabalho de Jesus ao lado de José carpinteiro. Na nossa época, a Igreja pôs em realce isto mesmo, também com a memória de São José Operário, fixada no primeiro de maio. O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho uma acentuação especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus ele foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira particular. Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção.”

“Trata-se, em última análise, da santificação da vida quotidiana, no que cada pessoa deve empenhar-se, segundo o próprio estado, e que pode ser proposta apontando para um modelo accessível a todos: São José é o modelo dos humildes, que o Cristianismo enaltece para grandes destinos; é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam grandes coisas, mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas.”


Dom Fernando Arêas Rifan
Bisbo Titular de Cedamusa
Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

terça-feira, 5 de maio de 2009

Eu rezo o terço!

Eu rezo o terço! Esse é o lema da campanha para este mês de Maio idealizada pelo site H2O e que me chegou através do Blog do Christiano.

O vídeo da campanha é em inglês mas tem legendas em espanhol, é compreensível. De qualquer forma, as imagens falam por si só.

Maio é especialmente dedicado à Nossa Senhora, rezemos o terço!