A tradução da notícia da CWN para o português é da Associação Cultural Montfort. Os destaques sublinhados e em negrito são meus.
Uma autoridade chave do Vaticano pediu por decisões “ousadas e corajosas” para corrigir os abusos litúrgicos que surgiram desde as reformas do Vaticano II.
O Arcebispo Malcolm Ranjith, secretário da Congregação para o Culto Divino, diz que um entendimento falho dos ensinamentos do Vaticano II e a influência das ideologias seculares são as razões para se concluir que – como disse o então Cardeal Joseph Ratzinger em 1985 – “o verdadeiro tempo do Vaticano II ainda não chegou”. Particularmente no campo da liturgia, o Arcebispo Ranjith diz, “A reforma tem que continuar”.
O Arcebispo Ranjith, que foi pessoalmente chamado para o Vaticano pelo Papa Bento XVI para ajudá-lo como um aliado na busca pela restauração do senso de reverência na liturgia, fez este comentário no Prefácio de um novo livro baseado nos diários e anotações do Cardeal Fernando Antonelli, que foi uma figura chave no movimento de reforma litúrgica, tanto antes quanto depois do Vaticano II.
Sobre os escritos do Cardeal Antonelli, o Arcebispo Ranjith diz, que ajudam o leitor “a entender o complexo trabalho interno da reforma da liturgia antes da imediata aplicação do Concílio.” Essa autoridade do Vaticano conclui que a implementação das reformas sugeridas pelo Concílio muitas vezes passou longe das verdadeiras intenções dos padres do Concílio. Como resultado, o Arcebispo Ranjith conclui, a liturgia hoje não é uma verdadeira realização da visão proposta no documento litúrgico essencial do Vaticano II, a Sacrosanctum Concilium.
Especificamente o Arcebispo Malcolm Ranjith escreve: “Algumas práticas que o Sacrosanto Concílio nunca sequer tinha especulado foram permitidas dentro da liturgia, como a Missa voltada para o povo, a Sagrada Comunhão na mão, incluindo a desistência do Latim e do Canto Gregoriano a favor do vernáculo e de canções e hinos sem espaço para Deus, e a ampliação além de qualquer limite razoável da faculdade de concelebrar a Santa Missa. Houve também um erro grosseiro de interpretação do princípio da “participação ativa”.
O prelado do Sri Lanka argumenta que para executar a “reforma da reforma” é essencial reconhecer como a visão litúrgica do Vaticano II se tornou distorcida. Ele exalta o livro sobre o Cardeal Antonelli por permitir o leitor ganhar um melhor entendimento de “quais nomes ou atitudes causaram a presente situação”. Isto, diz o arcebispo, é um exame “que, em nome da verdade, não podemos abandonar”.
Enquanto reconhece “o humor turbulento dos anos que imediatamente seguiram o Concílio”, o Arcebispo Ranjith lembra os leitores que ao chamar todos os bispos do mundo para um concílio ecumênico, o Beato João XXIII pretendia “uma fortificação da fé”. O Concílio aos olhos do Papa João “certamente não foi um chamado para fazer as pazes com o espírito dos tempos”.
Entretanto, continua ele, o Concílio aconteceu num tempo de grande comoção intelectual mundial, e especialmente na sua conseqüência, muitos seriam os interpretes que viram o evento como uma ruptura com a tradição anterior da Igreja. Como o Arcebispo Ranjith colocou:
Conceitos básicos e temas como Sacrifício e Redenção, Missão, Anúncio e Conversão, a Adoração como um elemento integral da Comunhão, e a necessidade da Igreja para a salvação – todos foram postos de lado, enquanto Diálogo, Inculturação, Ecumenismo, Eucaristia como Ceia, Evangelização como Testemunha, etc., se tornaram mais importantes. Os valores absolutos foram desprezados. Mesmo no trabalho do Consilium, o Vaticano se atribui a função de implementar as mudanças litúrgicas, estas influencias foram claramente sentidas, o arcebispo nota: “Um senso exagerado do antiquado, antropologismo, a confusão de papéis entre pessoas ordenadas e não ordenadas, uma permissão sem limites de espaço para a experimentação – e de fato, a tendência para desprezar alguns aspectos do desenvolvimento da Liturgia no segundo milênio – foram incrivelmente visíveis entre certas escolas litúrgicas".
Hoje, o Arcebispo Malcolm Ranjith escreve, a Igreja pode olhar para trás e reconhecer as influências que distorceram a intenção original do Concílio. Este reconhecimento, ele diz, deveria “ajudar-nos a sermos corajosos para melhorar ou mudar aquilo que foi erroneamente introduzido e que parece incompatível com a verdadeira dignidade da Liturgia.” Uma “reforma da reforma” por demais necessária, ele argumenta, deveria ser inspirada “não pelo mero desejo de corrigir os erros passados, mas muito mais pela necessidade de ser verdadeira para o que a Liturgia de fato significa para nós e o que o Concílio mesmo definiu para ser.”
O Prefácio de 10 páginas do Arcebispo Malcolm Ranjith aparece na edição na língua inglesa do livro intitulado “O Verdadeiro Desenvolvimento da Liturgia”escrito por Monsenhor Nicola Giampietro, que faz parte do quadro de pessoal da Congregação para o Culto Divino. Ele estará disponível em Setembro, nos Livros Católicos Romanos.
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